Agamenon: Brasil, pária amada
Mesmo sem ter dinheiro para pagar os precatórios, o presidente Jair Bozonaro fez questão de ir até Roma pagar um mico, um mico-leão-dourado. Nem moedinha pra jogar na Fontana di Trevi o Brasil tem, mas, mesmo assim, o presidento fez questão de pisar no pé da Angela Merkel na reunião do G-20...
Mesmo sem ter dinheiro para pagar os precatórios, o presidente Jair Bozonaro fez questão de ir até Roma pagar um mico, um mico-leão-dourado. Nem moedinha pra jogar na Fontana di Trevi o Brasil tem, mas, mesmo assim, o presidento fez questão de pisar no pé da Angela Merkel na reunião do G-20.
Durante o encontro, os líderes mundiais correram de Bolsonada como o Diabo foge da cruz, é claro: não foi vacinado nem usa a máscara que o Jim Carrey emprestou. Nem os garçons davam papo para o Bolsomito: davam para ele um copo de água da bica e sem gelo. Quem também esteve na reunião de cópula internacional foi a miniativista e aperitivo sueca Greta Underberg, que completou 18 anos e já tem idade para cometer o suicídio, o esporte nacional da Suécia.
Pobre Brasil, quer dizer, miserável Brasil… já fomos um país conhecido pela alegria contagiante, agora somos famosos por ter um presidente contagioso. Na verdade, Bozonaro só viajou para receber o título de ‘miliziano’ honorário numa cidadezinha da Sicília. Os Bozonaro, assim como os Corleone, fugiram da Itália para não serem presos. Num movimento inverso, é lá que o nosso capo vai buscar refúgio quando não tiver mais imunidade ‘pralamentar’. Seu sonho é passar os dias que lhe restam comendo pizza em pé na ‘Bella Italia’, a terra de Dante, Leonardo da Vinci e Bruno Gagliasso.
O mundo está na beira do abismo, e pior: o precipício não tem fundo. As florestas estão pegando fogo, o nível dos mares está subindo, as temperaturas estão aumentando —mas, em compensação, o buraco do ozônio finalmente diminuiu. Não me perguntem como, mas acho que foi plástica.
No encontro das grandes lideranças mundiais, o G20 – 1= G19 (adivinha quem é o menos um?), a grande questão foi: que mundo vamos deixar para nossos filhos? Já fiz a minha parte: não deixei nenhum descendente para ficar falando mal de mim no psicanalista. Confesso que me arrependo dessa decisão, que, ao contrário da caninha 51, não foi uma boa ideia. Hoje, desempregado e sem um tostão, ter um filho, filha ou ‘filhe’ que eu possa explorar, ou mesmo vender para uns gringos, poderia ser uma solução para minha penúria de miserável negativado.
Felizmente, tenho a Isaura, minha patroa —que, como sempre, fornece a sua quentinha para a vizinhança e assim coloca comida na nossa mesa e um teto sobre os meus chifres. Eu já fui um jornalista famoso, temido pelos poderosos e cobiçado pelas mulheres mais caras do planeta. Hoje, coitado, qual um farrapo humano, vivo em situação de rua; no caso, a Rua da Amargura, onde moro. Até mesmo os mendigos profissionais que fazem da calçada o seu home office se compadecem do meu estado andrajoso e dividem comigo seus ossos e pelancas. Por favor, meus 17 leitores e meio d’O Antagonista, façam um crowdfunding para arrecadar criptomoedas e, assim, aliviar o meu miserê —porque, se for depender do meu patrão Diogo Mainardi, o Mercador de Veneza, eu já estaria extinto há muito tempo, empalhado e exibido em algum museu de história sobrenatural.
Agamenon Mendes Pedreira é influenciador analógico.
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