Agamenon: Boas frestas!
Já é Natal na Leader Magazine! E o brasileiro, sempre atrasado, deixou tudo pra última hora. Todos estão correndo para os shoppings para não comprar os presentes de Natal, porque está tudo pela hora da morte...
Já é Natal na Leader Magazine! E o brasileiro, sempre atrasado, deixou tudo pra última hora. Todos estão correndo para os shoppings para não comprar os presentes de Natal, porque está tudo pela hora da morte. Se Jesus Cristo viesse ao mundo no Brasil de hoje, os Reis Magos não teriam dinheiro para presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. Se fizessem uma vaquinha, talvez juntassem algum para comprar uma “ave natalina”, misterioso animal do qual sabemos muito pouco e que os supermercados estão anunciando por aí.
A “ave natalina” é um símbolo destes tempos bicudos, com trocadilho, se faz o favor. Mas as dúvidas permanecem. Uns acreditam que a tal “ave” seja pombo; outros, certamente flamenguistas, acham que é urubu. O fato é que a tal “ave natalina” não é peru — o que, aliás, a Isaura, minha patroa, também costuma dizer do meu bilau. Com a alta dos alimentos, a ceia de Natal terá que ser adaptada à penúria generalizada. Para comemorar a chegada do décimo-terceiro, o Salvador, teremos que adaptar alguns pratos: o peru à brasileira será substituído pela farofa recheada de farofa. A singela rabanada, feita com pão velho, será trocada por torradas secas sem nada por cima. O panetone, então, só vai ser visto nas propagandas da televisão, e olhe lá! Nozes, castanhas e passas vão dar vez aos caroços de frutas mais humildes, e o bacalhau, como todo mundo sabe, caiu pra segunda divisão.
Como a desigualdade social é muito grande no país, muitos milionários abonados, num gesto comovente de solidariedade, vão convidar os miseráveis para a ceia. Mas só para assistir aos magnatas se empanturrando com as mais finas iguarias. Isso não vai matar a fome dos pobretões, mas pelo menos deve matar a curiosidade daqueles que não têm ideia do que é uma ceia de responsa.
Outra coisa que vai faltar é o tradicional presente de Natal. Até mesmo o “amigo secreto” (ou oculto), prática econômica de presentear, vai ser abolida por falta de dinheiro. Sem falar nas famosas “festas da firma”, que também vão desaparecer, mesmo porque ninguém tem mais dinheiro para pagar o mico e a firma foi à falência.
Mas nem tudo é desgraça! Uma família não vai sofrer a carestia que assola a nossa pátria armada. Na ceia dos Bolsonaro, vai rolar muito presunto que eles vão ganhar de presente dos milicianos. E muitos fios de ovos babados pelos puxa-sacos. E, é claro, brigadeiros! Muitos brigadeiros, almirantes, marechais, coronéis, tenentes e sargentos. Ora, Agamenon, você está generalizando, dirão alguns. Não! Quem está generalizando é o Bolsonaro. Para fechar o ano, ainda teve a nomeação do ministro “terrivelmente evangélico” André Mendonça para o STF, Supremo Tribunal Teocrático. André já prometeu a multiplicação dos Habeas Corpus Christi, além da Corrente Poderosa das Trombetas de Jericó, que é para reeleger o Bolsonaro. Se Jesus soubesse as barbaridades que iriam falar em nome dele, teria ficado quieto em casa e passado a vida ajudando o pai na marcenaria.
Agamenon Mendes Pedreira é o Bom Velhaco.
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