“A democracia está perdendo a guerra da propaganda”
Anne Applebaum, escritora americana vencedora do Pulitzer, analisa a evolução da censura e desinformação atual
Anne Applebaum, em seu artigo “Democracia Está Perdendo a Guerra da Propaganda”, publicado na The Atlantic neste domingo, 6, traça um panorama completo sobre como regimes autoritários estão refinando suas estratégias de censura e desinformação para combater ideais democráticos globalmente.
Ela abre o ensaio com uma referência histórica ao otimismo do ex-presidente Bill Clinton em 2000, quando ele duvidava da eficácia da China em controlar a internet, demonstrando como foi subestimado no Ocidente a capacidade autoritária de inovação tecnológica.
“Na economia do conhecimento, inovação econômica e empoderamento político, quer alguém goste ou não, inevitavelmente andarão de mãos dadas”, disse Clinton, destacando o ceticismo inicial sobre o controle da internet pela China. Applebaum contrasta isso com a realidade atual do ‘Grande Firewall da China’, um sistema complexo que vai além de simplesmente bloquear palavras, buscando eliminar a capacidade de pensamento crítico e de mobilização por direitos democráticos.
Além disso, a autora explora como a China, em resposta às manifestações pró-democracia que se espalharam pela Europa Central no final do século XX, decidiu não só eliminar os dissidentes, mas também as ideias que os inspiraram. Este movimento culminou na criação de uma estratégia de censura que influencia o que o povo chinês pode ver online, impactando diretamente a formação de opiniões e a disseminação de ideais democráticos.
A situação se agrava quando regimes como o russo se juntam à China em um esforço conjunto para minar a democracia globalmente. Applebaum cita exemplos de propaganda durante eventos internacionais, como a invasão russa da Ucrânia em 2022, onde teorias conspiratórias sobre biolaboratórios secretos financiados pelos EUA foram amplamente disseminadas. Tais narrativas não apenas distorcem a verdade, mas também buscam desacreditar as instituições democráticas e semear divisão entre as nações.
Internamente, a resistência a esses regimes mostra sinais de vigor, como os protestos na China em 2022, que foram uma resposta direta às políticas repressivas exacerbadas durante a pandemia. Apesar das duras medidas de vigilância e censura, a insatisfação popular e os movimentos de protesto encontram maneiras de emergir, ressaltando uma fissura na narrativa autoritária que argumenta que a censura e a vigilância podem completamente suprimir o desejo de liberdade e justiça.
Applebaum conclui que a guerra de informações é uma frente crucial na luta contemporânea pela democracia, onde regimes autoritários não só suprimem a liberdade internamente, mas também lançam campanhas extensas de desinformação que desafiam as democracias ao redor do mundo a manter um compromisso firme com a verdade e a transparência.
Quem é Anne Applebaum
Anne Applebaum é uma jornalista e historiadora americana, laureada com o Prêmio Pulitzer, conhecida por seu foco nos mecanismos e impactos do autoritarismo. Suas obras abrangem análises detalhadas das estratégias utilizadas por regimes autoritários para manipular e controlar a informação, uma contribuição valiosa para o entendimento dos desafios que as democracias enfrentam no século XXI.
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