Na tentativa de criar uma carreira de Estado para o setor, o Médicos pelo Brasil apresenta um bom número de soluções para problemas que vinham sendo ignorados pelo Mais Médicos.

O projeto chega a antever dificuldades e já trabalhar saídas para futuras crises.

Para Diogo Leite Sampaio, vice-presidente da AMB, o Médicos pelo Brasil apresenta três grandes melhorias em relação ao Mais Médicos.

CONTRATAÇÃO

No Mais Médicos, os profissionais recebiam uma bolsa com vínculo precário, sem qualquer direito ou garantia de estabilidade de carreira. E o deslocamento para áreas remotas não apresentava atrativos.

“Agora o programa é CLT, com processo seletivo e prova de avaliação“, diz Diogo Sampaio. Desta forma, o profissional “consegue uma progressão na carreira, evolui a cada 3 anos, aumenta o salário base e tem adicionais para regiões distantes, rurais e remotas. Se ele é um instrutor, ganha adicional“.

AVALIAÇÃO

A ausência de uma avaliação pesava contra a credibilidade dos contratados pelo Mais Médicos. Em especial, dos intercambistas.

Com o Médicos pelo Brasil, garante Diogo Sampaio, “quem entra são médicos especialistas“. Contudo, como há mais vagas do que profissionais titulados em medicina de família e comunidade, é preciso ampliar a formação na especialidade.

Antevendo a dificuldade, o programa traz uma solução.

ALOCAÇÃO

Os municípios mais carentes do Brasil costumam gastar mais da metade do orçamento em saúde. Por isso alguns prefeitos se habituaram a substituir os profissionais locais pelos do Mais Médicos, deturpando a proposta original.

No Médicos pelo Brasil, o Governo Federal define onde as vagas serão abertas. “É ele quem toma conta do médico, saindo do viés político local“, explica Diogo Sampaio. Além disso, os critérios técnicos devem levar os profissionais à população que mais depende do socorro estatal, o que naturalmente dará prioridade aos municípios mais carentes. Mas as regiões menos estruturadas das metrópoles também serão contempladas.

OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO MÉDICOS PELO BRASIL

• Todos os contratados passam primeiro por uma prova objetiva.
• A contratação é feita via CLT.
• A jornada de trabalho soma 60 horas semanais, sendo 40 horas de atendimento à população.
• São quatro níveis salariais que progridem a cada 3 anos.
• Com base em estudo da OCDE, os municípios serão divididos em cinco tipos: rurais (remotos e adjacentes), intermediários (remotos e adjacentes) e urbanos.
• Há um período probatório de dois anos para especialização em medicina de família e comunidade – o trabalho de conclusão deve apresentar um plano de melhoria dos indicadores locais.
• Se um médico já tiver especialização, pode atuar como tutor.
• Há bônus no salário de acordo com o local de atuação, tempo de atuação no programa e indicadores de desempenho.
• Há gratificação de R$ 3 mil para quem trabalhar em áreas remotas.
• Há gratificação de R$ 6 mil para quem trabalhar em áreas que atendam a população indígena.
• Há gratificação de mil reais para quem trabalhar como tutor.
• Respeitadas todas as nuances, os ganhos podem variar de R$ 12 mil a R$ 31 mil.