O ciclo do DPVAT: Da extinção à revogação
Entenda o ciclo do DPVAT, desde a sua extinção até à recente revogação, passando pela sua recriação sob o nome SPVAT.
O DPVAT, seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, tem tido uma trajetória oscilante nos últimos anos. Originalmente introduzido para fornecer proteção financeira às vítimas de acidentes de trânsito, o seguro foi alvo de mudanças significativas desde sua extinção temporária em 2019. As recentes tentativas de reinstaurar uma versão reformulada deste seguro pela atual administração culminaram em sua revogação no final de 2024, após apenas sete meses de vigência.
Após ser descontinuado durante o governo de Jair Bolsonaro em janeiro de 2020, a recriação do DPVAT, sob a nomenclatura SPVAT, foi sancionada pelo presidente Lula em maio de 2024. No entanto, essa nova versão do seguro enfrentou forte oposição política dos governadores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que se recusaram a implementar a cobrança, alegando descontentamento com os termos da proposição.
Por que o SPVAT foi revogado?
A principal razão para a revogação do SPVAT foi a falta de acordo entre o governo federal e os estados. Governadores de várias regiões decidiram não firmar convênios necessários para a cobrança do seguro, fazendo com que sua operacionalização ficasse praticamente inviável. A medida foi vista como insustentável, uma vez que a arrecadação conjunta com o IPVA ou licenciamento também se mostrou pouco aplicável. Sem a colaboração dos estados, a proposta fazia pouco sentido prático.
A revogação foi aprovada quase unanimemente na Câmara dos Deputados, demonstrando uma significativa concordância política em relação ao tema. O projeto de lei complementar de revogação do SPVAT foi incluído no pacote fiscal do governo como uma estratégia para garantir a progressão da política econômica no Congresso.
Quais foram as implicações da falta de recurso?
Antes da tentativa de recriação em 2024, o fim dos recursos para indenizações por acidentes de trânsito foi um dos fatores determinantes para reconsiderar o retorno do DPVAT. Desde que o seguro foi descontinuado, a Caixa Econômica Federal já havia alertado que os fundos disponíveis se esgotaram em novembro de 2023. A necessidade de um sistema de coberturas financeiras para acidentes levou à reinstauração temporária do seguro, visando principalmente garantir algum nível de proteção para os cidadãos.
No entanto, a falta de compromisso dos estados em assumir a responsabilidade da cobrança direta, como permitido, foi um desafio crítico. A Caixa Econômica Federal teria que assumir diretamente a cobrança em milhares de casos, algo considerado impraticável pelo governo.
Qual o futuro das indenizações por acidentes?
Com a revogação do SPVAT, o cenário para as indenizações por acidentes de trânsito continua incerto. Sem um seguro nacional abrangente, a responsabilidade de oferecer algum tipo de proteção financeira pode recair novamente sobre as administrações regionais ou entidades privadas. Existem propostas em discussão para estabelecer novas diretrizes de segurança viária e apoio às vítimas, mas ainda é necessário um consenso político para seu avanço.
No contexto atual, o governo busca alternativas que consigam equilibrar a proteção aos cidadãos com a viabilidade econômica e operacional das propostas. A capacidade de unir as diferentes esferas do governo em torno de uma solução coesa será crucial para o futuro das indenizações por acidentes no Brasil.
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