Zambelli não depôs ao STF por estar hospitalizada, diz defesa
"Deputada precisará passar por um procedimento de emergência", afirmam advogados
Os advogados Daniel Bialski, André Bialski, Bruno Borragine e Daniela Woisky, que representam a deputada Carla Zambelli (PL-SP) no processo em que ela é acusada de ser a mandante da invasão hacker de Walter Delgatti ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), alegam que a parlamentar está hospitalizada. Por esse motivo, Zambelli não teria comparecido à audiência destinada à oitiva de testemunhas do caso, nesta quinta,26.
“Ela está hospitalizada e precisará passar por um procedimento de emergência. Contudo, independentemente do que lhe acometeu, como diversas testemunhas imprescindíveis não compareceram, ela não seria ouvida de qualquer maneira”, detalhou a nota.
Valdemar é testemunha
O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, depôs sobre o caso, sendo uma das testemunhas incluídas no processo pela defesa de Zambelli. Ele afirma que descartou a tentativa de Delgatti de ser empregado no partido.
Segundo Valdemar, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, se ofereceu para ser contratado pela administração do partido e receber a remuneração no lugar de Delgatti. “Tive uma péssima impressão do advogado dele”, disse o político em sala virtual, na presença de Delgatti e Moreira.
Valdemar diz que foi surpreendido com o pedido de emprego e que a deputada Carla Zambelli, que acompanhou a dupla até o gabinete, teria acenado negativamente com a cabeça, reprovando o pedido pelo ingresso nos quadros do PL.
“Eu não sabia que ele tinha vindo aqui para procurar emprego. O advogado dele disse que poderia receber [o salário] no lugar dele. Eu sabia que ele não poderia trabalhar aqui [no PL] porque teve todos esses problemas com a Justiça, e a Carla, que estava sentada um pouco mais atrás, balançou a cabeça dizendo que não”.
Ainda durante a audiência, o advogado de Delgatti afirmou que o presidente do PL tentou encaixar o hacker no marketing da campanha de Bolsonaro e questionou: “Por que o senhor ligou para o seu marqueteiro?”.
“Eu liguei para o Duda Lima porque eu queria me livrar dos senhores. Para vocês irem embora da minha sala. Eu tive uma péssima impressão de vocês“, rebateu o político. Moreira disse que a péssima impressão que recebeu de Valdemar “foi recíproca”.
No banco dos réus
Como mostramos, Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto viraram réus pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que fabricou um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Primeira Turma do STF aceitou, nesta terça-feira, 21 de maio, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Zambelli e Delgatti. A decisão foi unânime.
Moraes foi o relator do caso e foi seguido pelos outros ministros da turma, que são Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.
A denúncia da PGR é pela prática de dez crimes: sete do artigo 154-A e parágrafo 2 do Código Penal, por invasão de dispositivo informático, e três do artigo 299 do Código Penal, por falsidade ideológica.
Em 4 de janeiro de 2023, Walter Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do CNJ, como um mandado de prisão contra Moraes.
Na votação da Primeira Turma do STF concluída nesta terça, o ministro afirmou que a fabricação da ordem de prisão foi uma “burrice”. Já Cármen Lúcia a descreveu como “desinteligência natural”.
Preso em agosto, Delgatti confessou a invasão, acusando Zambelli de ser a mandante. À PF, o hacker afirmou ter recebido 40 mil reais pelos serviços.
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