Visita de Pompeo não tem a nada a ver com o Brasil, diz professor
A visita do secretário Mike Pompeo a Boa Vista nesta sexta-feira (18) não tem nada a ver com os interesses do Brasil. A avaliação é de Carlos Gustavo Poggio, professor de relações internacionais da Faap e especialista em política externa americana...
A visita do secretário Mike Pompeo a Boa Vista nesta sexta-feira (18) não tem nada a ver com os interesses do Brasil. A avaliação é de Carlos Gustavo Poggio, professor de relações internacionais da Faap e especialista em política externa americana.
Na avaliação de Poggio, o governo Bolsonaro entende a relação com os EUA como um fim em si mesmo, enquanto para os americanos a relação com o Brasil é um meio para atingir outros objetivos políticos e estratégicos.
“Na verdade, a preocupação dele [Pompeo] não é com o Brasil, é com a Venezuela”, diz Poggio. “E há uma preocupação doméstica com as eleições de novembro”.
“A Flórida tem uma importante comunidade venezuelana, que tem crescido bastante. Essa comunidade, assim como a cubana, é muito anti-Maduro e anti-Castro, afeita a esse tipo de colocação que Pompeo e Trump fazem com relação à Venezuela”.
A Flórida é o 4º estado com o maior número de votos no Colégio Eleitoral. Mas os três estados maiores (Califórnia, Texas e Nova York) têm maiorias consolidadas para um ou outro partido, o que faz da Flórida o estado mais importante entre os que são realmente disputados nas eleições presidenciais.
Nesta quarta-feira (16), uma missão indicada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU acusou o governo da Venezuela de crimes contra a humanidade, e afirmou que o presidente Nicolás Maduro e seus ministros do Interior e da Defesa “estavam cientes dos crimes”. No dia seguinte, citando esse relatório, o Itamaraty pediu a extinção da ditadura de Maduro.
Na virada de 2018 para 2019, vários países ensaiaram uma troca de regime na Venezuela, formando o Grupo de Lima e apoiando Juan Guaidó. “Só que o governo Maduro resistiu muito fortemente”, diz Poggio, e essa questão acabou ficando em segundo plano. “A avaliação dos governos dos EUA e do Brasil é que não valiam [a pena] os custos [de intervir]”.
Para Poggio, se Joe Biden derrotar Trump na eleição de novembro, o tema da mudança de regime na Venezuela será ainda mais esvaziado, já que o Brasil não agiria sozinho.
A visita de Pompeo hoje tem semelhanças com a visita do vice-presidente Mike Pence a Brasília e Manaus, em junho de 2018.
Na ocasião, o vice de Trump também visitou venezuelanos que moram no Brasil.
Em Brasília, Pence declarou: “Não arrisquem as suas vidas ou a de seus filhos tentando entrar nos Estados Unidos via contrabandistas e traficantes de pessoas. Se não têm condições de entrar legalmente, não venham”.
A mensagem era dirigida a potenciais imigrantes para os Estados Unidos. Nada a ver com a enorme maioria dos brasileiros.
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