Vaza Toga: Moraes usou alegações falsas para censurar e se defender Vaza Toga: Moraes usou alegações falsas para censurar e se defender
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Vaza Toga: Moraes usou alegações falsas para censurar e se defender

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Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 21.08.2024 17:12 comentários
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Vaza Toga: Moraes usou alegações falsas para censurar e se defender

A pedido do gabinete de Moraes, TSE falsamente atribuiu postagem a então deputado estadual do Paraná após o final das eleições

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Vaza Toga: Moraes usou alegações falsas para censurar e se defender
Fotos: Gustavo Moreno/STF

Um processo sigiloso de 2022 contra o então deputado estadual Homero Marchese, do Paraná, mostra erros e alegações falsas da equipe do ministro Alexandre de Moraes no uso informal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

A informação é da Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira, 21 de agosto. O Antagonista batizou o uso do TSE por Moraes fora do rito como Vaza Toga.

Leia mais: A gravidade da Vaza Toga

Leia mais: PF quer saber quem vazou mensagens da Vaza Toga

Segundo a Folha, baseada em mensagens de Whatsapp de funcionários envolvidos no esquema, o gabinete de Moraes pediu ao TSE para investigar Marchese em 12 de novembro de 2022, após o fim das eleições.

A publicação do então deputado estadual era apenas, como descreve o jornal, “um panfleto de chamado à comunidade brasileira nos Estados Unidos, dizendo que os ministros do STF estariam em Nova York.

Uma terceira pessoa compartilhou o conteúdo e acrescentou a expressão: “máfia brasileira”. Esta foi a publicação usada no processo contra Marchese.

Além da atribuição falsa na postagem, houve outra manobra no processo. Apesar de a apuração ter sido pedido do gabinete de Moraes, o TSE o registrou como denúncia “anônima”.

A assessoria do ministro não quis se manifestar ao ser procurado pela Folha.

Como em outros processos revelados na Vaza Toga, o caso envolvendo Marchese, hoje sem mandato, foi protagonizado pelo juiz instrutor Airton Vieira, do gabinete de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, então chefe do grupo de combate a fake news do TSE.

A Folha reporta que a conversa entre Vieira e Tagliaferro começou na noite de 12 de novembro de 2022.

“Às 22h02 daquele dia, Airton Vieira enviou por meio do aplicativo WhatsApp três arquivos para Tagliaferro relativos a manifestações convocadas contra ministros do STF que participariam, em Nova York, nos dias 14 e 15 daquele mês, de um evento privado promovido pelo Lide, grupo do ex-governador João Doria.

Os arquivos continham um vídeo em que era destacada a localização do hotel onde os ministros do STF se hospedariam e dois posts, um com o endereço do hotel e outro com o anúncio sobre o evento acompanhado da frase: ‘Máfia Brasileira. Eduardo, por favor, consegue identificar? E bloquear? O Ministro pediu… Obrigado’, escreveu o braço-direito de Moraes a Tagliaferro.

‘Urgente, em razão da data’, acrescentou brevemente.

O assessor do TSE avisou que estava retornando de São Paulo para Brasília e que faria o relatório. Às 23h09, Tagliaferro mandou uma mensagem para Airton Vieira ressaltando o fato de as postagens não terem relação com o processo eleitoral. ‘Só não sei como bloquear pelo TSE pq não fala nada de eleições’, disse ele.

No mesmo minuto, o juiz instrutor respondeu, sem tratar da dúvida, mas perguntando se os autores das postagens tinham sido identificados. Tagliaferro disse ter conseguido identificar ‘apenas um candidato do Paraná’. ‘Entendi. Pode enviar para mim um relatório simples, inclusive dizendo não ter como identificar os outros dois? Bloqueio pelo STF…’, pediu Airton Vieira.

Às 23h54, Tagliaferro enviou um relatório. Em vez de registrar oficialmente que o pedido havia sido feito pelo próprio gabinete de Moraes, o documento do TSE afirmou que o material fora recebido de forma anônima e que o relatório tinha sido produzido a pedido de Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes no TSE.

No momento do pedido do relatório, no entanto, Vargas estava em um voo. Ele só voltou a responder a mensagens às 23h11, quando é avisado por Tagliaferro: ‘Estou fazendo um relatório para o STF’.”

A Folha também destacou a falsa atribuição de autoria das postagens:

“O documento do TSE também foi enviado com um erro sobre a autoria das postagens.

Ao analisar as três imagens objeto da demanda, Tagliaferro disse que não tinha conseguido identificar o autor de duas delas, que tratavam das hospedagens dos ministros, e apontou Homero Marchese, então deputado estadual pelo Republicanos do Paraná (hoje no Novo e não mais deputado), como responsável pela terceira imagem.

No entanto, a postagem de Marchese limitava-se a um panfleto de chamado à comunidade brasileira nos EUA, dizendo que os ministros do STF estariam em NY palestrando na Harvard Club —o local do evento havia sido divulgado pelos organizadores no site oficial. Em cima desse card, uma terceira pessoa, não identificada, fez uma montagem com a mensagem de Marchese acrescentando os dizeres: ‘máfia brasileira’.

No documento, no entanto, Tagliaferro relatou que era de autoria de Marchese —advogado e ex-servidor do Tribunal de Contas do Paraná, é atuante nas redes sociais e com forte discurso de combate à corrupção.

Oficialmente, o relatório do TSE chegou ao STF aos 8 minutos da madrugada do dia 13 de novembro… Com base no relatório, Moraes determinou o bloqueio integral das páginas de Marchese no Twitter, Facebook e Instagram.

Segundo Airton Vieira escreveu no grupo de WhatsApp, a decisão de ofício saiu naquela mesma madrugada. O Ministério Público não foi ouvido e não houve pedido de diligências à Polícia Federal”.

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