O senador Ciro Nogueira (PP-PI, foto) acha injusto culpar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pela primeira fuga da história de um presídio federal brasileiro. Ele publicou mensagem na manhã desta quinta-feira, 15, para reclamar de quem pretende convocar o ministro para se explicar.

“O descaso do governo do PT com a segurança é fato! Mas não temos de nos igualar a eles nos erros. O novo ministro da Justiça acabou de assumir. Culpá-lo e fazer política com a fuga dos presídios federais, convocando-o ao Congresso, só cria barulho. Solução, não”, escreveu Nogueira em seu perfil no X, ex-Twitter.

“O Brasil quer solução. Que o ministro possa mostrar a que veio. A oposição responsável quer o melhor para o país e não o pior para ninguém. Já passou da hora de o governo do PT agir com firmeza. Tudo tem limite”, finaliza a mensagem.

“Quadrilhão do PP”

Em 2 de março de 2021, Lewandowski ajudou a formar maioria na Segunda Turma do STF para arquivar, por 3 votos a 2, a denúncia de organização criminosa apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra Ciro Nogueira, Arthur Lira, Aguinaldo Ribeiro e Eduardo da Fonte, no caso conhecido como “quadrilhão do PP”.

Os outros votos foram de Gilmar Mendes, como sempre, e de Kassio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro e apadrinhado pelo próprio Nogueira, conterrâneo do Piauí que o chamava de “nosso Kassio”. O inquérito apurava desvios na Petrobras e, segundo a PGR, o esquema também teria atingido a Caixa Econômica Federal e o antigo Ministério das Cidades, com objetivo de obter propina de forma estável e “profissionalizada”.

O pano de Ciro Nogueira para Lewandowski indica que o senador até hoje é grato ao ex-ministro do Supremo.

Afastamento

Em resposta à fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Lewandowski afastou o diretor do presídio. “O policial penal federal que assumirá o presídio já está na cidade. Ele embarcou para o local, na tarde desta quarta-feira (14), com o Secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia”, informou o Ministério da Justiça em nota.

Essa foi a única manifestação pública de Lewandowski sobre o assunto. Ao contrário de seu antecessor, o senador e futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino (PSB-MA), o ministro da Justiça não deu entrevistas, nem publicou mensagens nas redes sociais.

Convocação

Enfim, Lewandowski não deu nenhuma explicação sobre o que ocorreu em Mossoró.

Ao contrário de Ciro, o deputado deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) quer ouvir o ministro sobre o assunto e anunciou que vai apresentar requerimento de convocação. O documento será protocolado junto à presidência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO) até a próxima semana.