A Turquia bloqueou o acesso ao Instagram após acusar a plataforma de mídia social sediada nos EUA de censurar postagens sobre a eliminação do líder político do Hamas Ismail Haniyeh.

A Autoridade de Tecnologias de Informação e Comunicação do país começou a restringir o acesso ao Instagram na sexta-feira, 2 de agosto, mas outros serviços da empresa controladora Meta, incluindo Facebook e WhatsApp, ainda estão acessíveis.

Fahrettin Altun, chefe de comunicações da Turquia e um dos principais conselheiros do presidente Recep Tayyip Erdoğan, condenou na quarta-feira, 31 de julho, o Instagram por supostamente “impedir as pessoas de postarem mensagens de condolências pelo falecimento do líder do Hamas Haniyeh”.

A decisão de Ancara de bloquear o Instagram, uma plataforma amplamente usada na Turquia, ocorre no momento em que o país intensificou suas críticas a Israel e seus apoiadores sobre a guerra em Gaza.

Turquia e Hamas

A Turquia tem se tornado muito mais explícita em seu apoio ao Hamas. Erdoğan chamou a eliminação de Haniyeh em Teerã de “um ato desprezível que visa interromper a causa palestina, a gloriosa resistência de Gaza e a justa luta de nossos irmãos palestinos”.

Em um sinal da disputa cada vez mais profunda entre Turquia e Israel, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, disse às autoridades na sexta-feira, 2, para convocar o vice-embaixador da Turquia para receber “uma severa reprimenda após o abaixamento da bandeira turca a meio mastro na embaixada turca em Tel Aviv, em resposta à eliminação de Ismail Haniyeh”.

Censura na Turquia

A decisão da Turquia de restringir o Instagram também é o sinal mais recente do aumento da censura no governo de Erdoğan.

O número de sites estrangeiros e nacionais censurados ou fechados pelas autoridades turcas nos últimos anos aumentou drasticamente, com cerca de 1 milhão de nomes de domínio completamente bloqueados no início de 2024, ante cerca de 350.000 no final de 2018, de acordo com a Associação Turca de Liberdade de Expressão (İFÖD).

Os censores da Turquia bloqueiam uma ampla gama de conteúdo, incluindo sites inteiros de alguns provedores de notícias, como a emissora alemã Deutsche Welle, bem como postagens em mídias sociais e vídeos do YouTube.

Os tópicos censurados variam muito, mas incluem artigos críticos a Erdoğan e sua família, sites pró-curdos e de oposição e material visto como obsceno ou criminoso, de acordo com o İFÖD.

Em janeiro, o governo tentou restringir os serviços de rede privada virtual, que são amplamente usados para contornar os censores. A Turquia também ameaçou banir o X no início de 2024 depois que a plataforma se recusou a remover várias postagens controversas.

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