As ‘trapalhadas’ de Aragão e a crise na equipe jurídica do PT
A suposta compra ilegal de pacotes do WhatsApp em apoio a Jair Bolsonaro, noticiada pela Folha de S. Paulo, intensificou as disputas internas na equipe jurídica do PT. Assim que a reportagem foi publicada, ontem, a ideia entre os advogados... Aragão, ao lado de Cristiano Zanin, no TSE
A suposta compra ilegal de pacotes do WhatsApp em apoio a Jair Bolsonaro, noticiada pela Folha de S. Paulo, intensificou as disputas internas na equipe jurídica do PT.
Assim que a reportagem foi publicada, ontem, a ideia entre os advogados que trabalham para o partido era reunir “nomes de peso” do mundo jurídico, como Sepúlveda Pertence e Celso Antônio Bandeira de Mello, para preparar uma ação “ampla e consistente” que pudesse aproveitar a narrativa criada pela denúncia para atingir o candidato do PSL na reta final do segundo turno da corrida presidencial.
Talvez prevendo ser substituído ou com medo de perder protagonismo, o ex-ministro da Justiça (no governo de Dilma Rousseff) Eugênio Aragão — que recebeu 1,7 milhão de reais da campanha petista — se antecipou e apresentou ao TSE uma ação, na avaliação dos próprios colegas que atuam para o PT, “repleta de erros primários”.
O Antagonista teve acesso a algumas mensagens trocadas em grupos de Whatsapp dos quais participam ex-ministros do TSE e os principais advogados eleitorais do país, incluindo os que estão trabalhando para Lula e Fernando Haddad.
O principal equívoco de Eugênio Aragão, na opinião desses juristas, foi não ter pedido a cassação do registro de Bolsonaro — ainda no entender deles, era algo possível.
“Opa! Não pediu cassação? Santo Deus! Nego fazendo AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) nas pernas. Misericórdia. Ainda estraga a bagaça”, escreveu uma advogada, que atuou recentemente para o PT em causas eleitorais.
“Só pode ser brincadeira”, emendou um ex-ministro do TSE.
Em outro grupo de mensagens, também com especialistas na área, o espanto era semelhante.
“Só a inelegibilidade de Bolsonaro por 8 anos? É isso mesmo?”, perguntou um advogado. “Ah, as AIJEs da última semana… Têm sempre um gostinho especial. Campanha que presta tem que ter”, emendou um colega.
Aragão “errou feio”, segundo eles, não apenas por não pedir a cassação de Bolsonaro, mas também por: 1) Não pedir busca e apreensão dos computadores/servidores; 2) Ajuizar contra empresas, que não são partes legítimas em AIJEs; 3) Não sustentar a condição de suposto beneficiário de Bolsonaro.
Às pressas, no fim da tarde de ontem, advogados do PT ligaram para a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, criticando o posicionamento de Aragão e alertando para a ineficácia da ação apresentada. Gleisi chegou a ouvir que Aragão é “um advogado analógico em um caso que envolve o mundo digital”.
Anteriormente, o ex-ministro que levou uma bolada milionária da campanha petista havia pedido a inelegibilidade de Bolsonaro por uso de outdoors espalhados pelo país, o que já tinha sido motivo de chacota entre os colegas — a ação em questão, claro, não prosperou no TSE.
Ontem, depois de ser advertido por Gleisi, Aragão protocolou, às 22h46, um aditamento à ação sobre a suposta compra ilegal de pacotes do WhatsApp em apoio a Bolsonaro — AQUI está a íntegra. Pressionado, o advogado acrescentou o pedido para que “seja determinada a cassação do registro ou diploma” do candidato do PSL.
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Aragão, ao lado de Cristiano Zanin, no TSE
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