Tiririca sugere que o circo seja mais organizado que a Câmara: “Isso aqui é muito louco, cara”
Tiririca iniciou seu terceiro mandato como deputado federal "mais leve". Em conversa com O Antagonista no cafezinho da Câmara, onde posa para fotos, canta e conta piadas, o ex-palhaço -- ele não gosta de ser chamado assim...
Tiririca iniciou seu terceiro mandato como deputado federal “mais leve”.
Em conversa com O Antagonista no cafezinho da Câmara, onde posa para fotos, canta e conta piadas, o ex-palhaço — ele não gosta de ser chamado assim, porque ainda se considera um — jura que tinha decidido mesmo não mais concorrer ao cargo no ano passado.
Em 6 de dezembro de 2017, Tiririca ocupou a tribuna pela primeira e única vez, até aqui, para falar de sua “total decepção” com a política (reveja aqui).
“Briguei com todo mundo, briguei com o pessoal do partido, com todo mundo. Entendeu, meu irmão?”, relembra.
Antes de subir à tribuna (reveja aqui) naquele dia, Tiririca já havia dito a este site que não seria candidato no ano seguinte. “Eu precisava do segundo mandato para ‘passar na cara’ de alguns. Acho que está bom. Fiz história na política”, garantiu, à época.
Naquela ocasião, sua esposa, que acompanhava a entrevista, o interrompeu para ponderar que ele ainda “pensaria melhor”.
“Eu estava decidido a voltar a fazer os meus shows. E foi o que voltei a fazer, meu irmão. Mas as pessoas me paravam e falavam um monte de coisa, que eu não podia ‘dar brecha para ladrão’.”
No ano passado, convencido pelo dono do PR, Valdemar Costa Neto — que precisava novamente daquele bom “puxador de votos” –, Tiririca candidatou-se mais uma vez e foi eleito por São Paulo para o seu terceiro mandato, com 445.521 votos. Em 2010, quando ganhou pela primeira vez, havia sido o mais votado do país, com 1,3 milhão de votos.
Tiririca é um dos deputados mais assíduos no plenário da Câmara. Geralmente usa sapatênis, calça jeans, camisa e uma gravata colorida enrolada no pescoço. Não gosta de sentar nas cadeiras destinadas aos deputados. Fica “nos bastidores”, arrancando risadas de quem passa.
“Quando cheguei aqui, meu irmão, eu era muito cru, você entende? Estava acostumado com as coisas de circo, onde tudo é muito organizadinho. Sempre fui muito organizado. Depois, fui para a televisão, onde também tem uma organização, sabe? Aqui, não. Isso aqui é muito louco, cara. Quase entrei em depressão no primeiro mandato”, conta Tiririca.
“Mas aí eu fui entendendo como a coisa funciona. E funciona assim mesmo. Esse lance de horário, por exemplo: eu sempre chegava aqui na hora. Agora, eles marcam três horas da tarde [a sessão] e eu venho três e meia, você entendeu? Porque sei que não vai começar na hora. Eu sou mais leve com isso, estou mais leve”, acrescenta.
Para o deputado, “essa turma que está chegando” ao Congresso tem menos chance de se decepcionar com a política do que ele, “porque, querendo ou não, acho que eles já têm algum tipo de base política”.
“Eu espero que dê certo, quero ter esperança”, pontua ele, confirmando que não votou em Jair Bolsonaro para presidente.
“Não votei. Eu não vou mentir para você. Não sou mentiroso. Ele [Bolsonaro] ganhou falando em combater violência com violência em um país como o nosso, cara. E ganhou. Agora, eu quero que as coisas melhorem.”
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