As regiões central e norte do Rio Grande do Sul enfrentam fortes tempestades nos últimos dias que resultaram em tragédias e perdas humanas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as condições climáticas adversas devem persistir até domingo, 5.

Nesta sexta-feira, 3, a chuva intensa continuará se deslocando para o norte, abrangendo todo o estado de Santa Catarina e o sudoeste do Paraná.

Essa situação é resultado da formação de uma área de baixa pressão atmosférica e do deslocamento de uma frente fria, que geram novas áreas de instabilidade, conforme explicou o instituto em nota oficial.

Alerta vermelho

O Inmet emitiu um alerta vermelho para temporais, com risco elevado de alagamentos, transbordamentos de rios, deslizamentos de encostas em áreas de risco e ventos com velocidades de até 100 km/h. A previsão é de acumulados superiores a 60 mm de precipitação por hora ou 100 mm em 24 horas nessas regiões.

As áreas mais afetadas serão as serranas gaúcha e catarinense, oeste catarinense, vale do Itajaí, noroeste rio-grandense, Grande Florianópolis, nordeste rio-grandense, sul catarinense, região metropolitana de Porto Alegre e sudoeste paranaense.

Um alerta laranja de menor intensidade foi emitido para uma área ainda maior. Há possibilidade de queda de granizo, o que pode causar interrupções no fornecimento de energia elétrica, danos em plantações, queda de árvores e alagamentos.

Previsão do tempo

No domingo, espera-se uma diminuição no volume de chuva, mas essa pausa será temporária. Segundo a meteorologista do Inmet, Dayse Moraes, na próxima terça-feira, dia 7, uma nova frente fria chegará ao Rio Grande do Sul, trazendo consigo mais períodos de chuvas. A intensidade dessas chuvas ainda não pode ser prevista, mas os solos já estão bastante castigados pelas tempestades atuais e os rios continuam acima do nível normal, indicando que mais problemas podem ocorrer na região, informou reportagem da Folha de S. Paulo.

A frente fria atual está estacionada sobre o Rio Grande do Sul e avançou para Santa Catarina, mas deve perder intensidade no domingo. Com a entrada de ar mais frio, essa frente fria se deslocará para o oceano e outra frente fria avançará pelo sul do estado, provocando mais chuvas entre terça e quarta-feira.

Chuvas recorde

As tempestades que atingem o Rio Grande do Sul desde 27 de abril têm resultado em chuvas recordes no estado. Em algumas regiões, especialmente na faixa central dos vales, planalto, encosta da serra e região metropolitana, os volumes de chuva ultrapassaram os 300 mm em menos de uma semana. Na cidade de Bento Gonçalves, por exemplo, os volumes chegaram a impressionantes 543,4 mm, conforme relatado pelo Inmet.

Desde o dia 29 de abril, os volumes ficaram entre 200 mm e 300 mm em várias áreas. Na capital Porto Alegre, foram registrados 258,6 mm em apenas três dias, o equivalente a mais de dois meses de chuva, quando comparado com a média histórica dos meses de abril (114,4 mm) e maio (112,8 mm).

As estações do Inmet que mais registraram chuva desde 26 de abril até as 9h desta quinta-feira foram: Soledade (488,6 mm), Santa Maria (484,8 mm) e Canela (460 mm). A estação meteorológica convencional de Santa Maria bateu o recorde de chuva em 24 horas, acumulando 213,6 mm no dia 1º de maio. Essa foi a maior quantidade de chuva já registrada na cidade em 112 anos de observação, superando o recorde anterior de 182,3 mm ocorrido em 23 de junho de 1944.