Telhado de vidro
O deputado José Carlos Araújo, presidente do Conselho de Ética que vai julgar Eduardo Cunha, assumiu o cargo pela primeira vez em 2009 sob acusações ter usado a verba indenizatória da Câmara durante as férias.O Antagonista resgatou uma entrevista com Araújo publicada pela ISTOÉ naquela ocasião. O repórter Hugo Marques não deu sossego ao parlamentar, que tinha uma folha de antecedentes impressionante...
O deputado José Carlos Araújo, presidente do Conselho de Ética que vai julgar Eduardo Cunha, assumiu o cargo pela primeira vez em 2009 sob acusações ter usado a verba indenizatória da Câmara durante as férias.
O Antagonista resgatou uma entrevista com Araújo publicada pela ISTOÉ naquela ocasião. O repórter Hugo Marques não deu sossego ao parlamentar, que tinha uma folha de antecedentes impressionante.
Confira os principais trechos:
Istoé – Para o sr., o que é ética?
José Carlos Araújo -Tudo aquilo que você faz que não é certo, que não é direito, é contra a ética, é antiético. O médico, quando faz aborto não previsto em lei, está contra a ética.
Istoé – O sr. usou R$ 14.600 da verba indenizatória em janeiro, um mês de férias. Esse comportamento foi ético?
Araújo – A verba indenizatória é ressarcimento de alguma coisa. Foram coisas que gastei durante o mês de dezembro.
Istoé – Mas em fevereiro o sr. também pediu ressarcimento de despesas, no mesmo valor.
Araújo -Bom, tenho assessoria. Tenho empresa que me dá assessoria nos meus municípios. Eu viajei, apresentei parte das coisas, o aluguel do meu escritório. Não posso interromper o aluguel do meu escritório porque é janeiro, continuo despachando no meu escritório em Salvador, continuo pagando água, pagando luz. Viajei para o interior, usei combustível.
Istoé – Na Bahia, o sr. foi investigado por distribuir dentaduras durante a eleição.
Araújo -Saíram notícias nos jornais e eu me antecipei ao Ministério Público, fiz uma notificação ao MP mostrando que eu não tinha nada com isso. Acontece que o deputado estadual Pedro Egydio, que tinha dobradinha comigo, era protético e fazia isso. Ele distribuiu meu santinho junto com o dele. Se eu tivesse sido beneficiado, teria tido muito mais votos.
Istoé – A Fazenda São José, de sua propriedade, em Mata de São João, tem quantos alqueires?
Araújo -Ela tem 500 e poucos hectares. Foram comprados em 1988. Eu não era deputado. Depois que me tornei deputado, não tive absolutamente nada.
Istoé – Em 2002, o sr. declarou a fazenda por R$ 346 mil. Em 2006, o valor caiu para R$ 80 mil. Ela diminuiu de preço?
Araújo -Espera aí, não, não, não, tem alguma coisa errada aí.
Istoé – Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral.
Araújo – É que quando ela foi comprada não foi em reais. Ela foi comprada em outra moeda. Na outra moeda é que foi 300 e, não sei se era cruzeiro, convertido dava isso.
Istoé – No TSE está em real.
Araújo -Ela foi convertida da moeda da época para a moeda atual. Não tem esse negócio de 80 mil. Eu mandei a minha cópia da declaração do IR. Em 2007, passei a declarar 700 mil, porque foi a reavaliação que fiz.
Istoé – Em 1998, o sr. foi acusado de contratar parentes no gabinete que queriam transferências de faculdades do Rio e São Paulo para a Universidade da Bahia.
Araújo -Parente, não. Eu nomeei o filho de um amigo para o meu gabinete. Ele ficou no meu gabinete trabalhando um tempo, depois fez vestibular e se transferiu, alguma coisa desse tipo.
Istoé – O sr. o contratou para que a Justiça pudesse dar a liminar transferindo- o para a Bahia?
Araújo -Não. Eu contratei porque era filho de uma amiga, que, por sinal, hoje é deputada federal. Era minha correligionária, me pediu um emprego para o filho e eu contratei.
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