TCU vê nepotismo em associação na qual atua mulher de Mourão
Criada em 1982 para atuar em financiamentos imobiliários para militares, a Poupex virou um cabide de empregos para parentes de integrantes das Forças Armadas, a julgar pelas análises do...
Criada em 1982 para atuar em financiamentos imobiliários para militares, a Poupex virou um cabide de empregos para parentes de integrantes das Forças Armadas, a julgar pelas análises do Tribunal de Contas da União (TCU). A empresa é administrada pela Fundação Habitacional do Exército (FHE), vinculada às Forças Armadas, e tem em seus quadros, entre outros, a mulher do senador e ex-vice presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS, foto, à esquerda, ao lado da esposa) e uma filha e uma sobrinha do general Eduardo Vilas Bôas, ex-comandante do Exército.
As informações foram divulgadas por reportagem do portal Uol, que revelou detalhes dos contratos. Ana Paula Leandro de Oliveira Mourão, mulher do senador, foi contratada em 2016 pela Poupex, sob o cargo de assessora especial, que tem uma remuneração básica de R$ 17 mil, sem contar possíveis gratificações. Ticiana Haas Villas Bôas, filha de Villas Bôas, foi contratada como analista júnior em 2017 e recebe ao menos R$ 8 mil.
Em relatório de maio, o TCU apontou “indícios contundentes” de nepotismo na Poupex, a partir da identificação de 221 casos de parentesco entre contratados pela empresa e integrantes das Forças Armadas. A Folha expôs o conteúdo do documento no dia 21 do mês passado.
“Os dados analisados permitem concluir que se encontram presentes fortes indícios de que a existência de relação laboral com o Exército, com o MD (Ministério da Defesa) ou com as demais Forças ou de parentesco com membros do conselho de administração, da diretoria e com militares do Exército são fatores possivelmente relevantes para se determinar o êxito na tentativa de se conseguir emprego na Poupex. Neste contexto, aparentemente tem relevância o nível hierárquico ocupado pelo familiar nas Forças”, diz um trecho do relatório.
A Poupex se defende, alegando que é uma empresa privada e, portanto, não poderia ser acusada de nepotismo. “A Associação de Poupança e Empréstimo – POUPEX, entidade supervisionada pelo Banco Central, é uma empresa privada que não recebe recursos públicos. Logo, a expressão nepotismo não se aplica”, disse em resposta ao Uol. “Todos os funcionários da instituição são contratados por meio de processo seletivo e têm capacidade técnica para ocupar os cargos que exercem. Os profissionais citados em seu e-mail estão na POUPEX, em média, há mais de 8 anos. A informação referente aos seus salários é protegida pela LGPD”, finaliza a nota da assessoria de impressa da empresa.
Para o TCU, contudo, a estrutura da FHE se confunde com a da Poupex, e a investigação sobre nepotismo se justifica.
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