A cidade de Parelhas, localizada no Rio Grande do Norte, tornou-se centro de um grave evento de saúde pública após dez pacientes perderem o globo ocular em consequência de infecções bacterianas. Este surto ocorreu após um mutirão de cirurgias de catarata promovido pela prefeitura local. As operações, realizadas no dia 27 de setembro na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, tiveram complicações inesperadas, levando à disseminação da bactéria Enterobacter cloacae entre os pacientes.

O décimo paciente afetado, um homem de 84 anos, necessitou remover o olho na noite do dia 23 de outubro. No total, 15 dos 20 pacientes operados apresentaram sintomas de endoftalmite, uma infecção severa do olho. Além dos que tiveram perda ocular, quatro pacientes passaram por vitrectomia, um procedimento para remover líquidos do olho, enquanto outro permanece sob observação médica.

O que é a Endoftalmite?

A endoftalmite é uma infecção intraocular grave que pode ocorrer após cirurgias oculares, como a de catarata, se não forem observadas condições adequadas de esterilidade. Esta condição se manifesta através de sintomas como dor ocular intensa, perda de visão, vermelhidão e inchaço dos olhos. O Enterobacter cloacae, a bactéria identificada no surto de Parelhas, é um conhecido agente patogênico oportunista que pode ser resistente a diversas classes de antibióticos, complicando o tratamento.

Como está sendo conduzida a investigação?

A administração municipal de Parelhas afirmou que todas as etapas legais foram cumpridas no processo de credenciamento das cirurgias, incluindo registro nos órgãos competentes e transparência nos processos de seleção. A Secretaria Municipal de Saúde informou que as autoridades sanitárias estaduais e nacionais foram notificadas conforme exigido em casos de surtos infecciosos.

Durante a apuração dos fatos, a Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte acompanha o desenrolar das investigações, destacando que a responsabilidade da contratação das cirurgias pertence exclusivamente à gestão do município. O inquérito civil, que permanece em sigilo, terá seus resultados enviados ao Ministério Público do Rio Grande do Norte.

Quais serão as consequências legais para o município?

Com base nas investigações preliminares, a promotora Ana Jovina de Oliveira Ferreira indicou que a Prefeitura de Parelhas poderá ser responsabilizada pela indenização dos pacientes afetados pelo surto. As consequências jurídicas dependerão dos laudos finais do inquérito e da análise do Ministério Público quanto à conformidade com as normas sanitárias vigentes.

Como os envolvidos estão respondendo?

Enquanto a prefeitura busca demonstrar a transparência e legalidade das suas ações, existe uma expectativa significativa em torno das conclusões do inquérito civil. Este caso coloca em evidência a necessidade de uma revisão dos protocolos sanitários e de segurança em mutirões de saúde semelhantes para evitar ocorrências futuras. As autoridades locais e estaduais continuam monitorando o estado de saúde dos pacientes e providenciando apoio necessário às famílias afetadas.