Subprocurador diz que discurso de Bolsonaro agravou crise yanomami
O subprocurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, disse que o discurso adotado por Jair Bolsonaro (PL) durante seus quatro anos de governo contribuiu para o agravamento da crise humanitária do povo yanomami...
O subprocurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, disse que o discurso adotado por Jair Bolsonaro (PL) durante seus quatro anos de governo contribuiu para o agravamento da crise humanitária do povo yanomami. Ele deu a declaração em entrevista ao G1.
“Essa situação do garimpo não veio agora com o Bolsonaro. O que aconteceu […] foi um estímulo a essa atividade. Um estímulo à presença de estranhos em terras indígenas, um desestímulo aos servidores do Ibama e da Funai, que se sentiram desamparados diante da pressão econômica, política e física das pessoas que se organizam para a atividade do garimpo“, afirmou o subprocurador.
Luciano Mariz Maia foi um dos autores da denúncia que levou à condenação de cinco garimpeiros por genocídio contra o povo yanomami em 1993. O episódio ficou marcado pela morte de 16 indígenas da comunidade Haximu. Ao comparar os casos, o subprocurador afirmou que o caso atual é muito mais grave que o de 30 anos atrás.
“Na situação que tivemos anteriormente, houve um choque de determinados personagens, que exerciam uma atividade específica econômica em que interagiam e geravam atritos com membros da comunidade. Isso resultou na morte de vários desses membros. Mas o Estado brasileiro se posicionou desde o princípio com absoluta clareza do seu dever de investigar, processar e punir. O que está acontecendo agora é um contexto em que você tem os mesmos fatores de atrito, com elementos muito mais agravantes”, disse Luciano Mariz Maia.
“Primeiro, a interação e a presença natural de não índios em terras indígenas faz com que eles sejam mais suscetíveis a doenças transmissíveis. Por outro lado, você teve nos último quatro anos, e um pedaço do governo Temer com a ideia de flexibilizar o usufruto exclusivo dos índios, mas particularmente, nos últimos quatro anos, houve claramente o incentivo por parte do governo federal à presença de garimpo em terras indígenas, particularmente em Roraima, com os yanomami”, acrescentou o subprocurador.
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