Streaming enfrenta queda de assinantes no Brasil, aponta IBGE
Pesquisa revela recuo no percentual de domicílios com serviços de streaming, refletindo aumento de preços e restrições de senhas
Apesar do aumento do consumo de serviços de streaming nos últimos anos, o Brasil registrou uma queda no percentual de domicílios com acesso a essas plataformas em 2023. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) Tecnologia da Informação e Comunicação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 42,1% dos lares possuíam assinaturas de streaming de vídeo, um número inferior aos 43,5% registrados em 2022.
Os dados indicam que, embora a substituição da TV tradicional pelo streaming tenha se consolidado nos últimos anos, o aumento dos custos e as restrições impostas pelas plataformas podem estar influenciando a decisão de muitos brasileiros em manter ou cancelar suas assinaturas.
Impacto do custo e restrições no compartilhamento de senhas
A pesquisa do IBGE não explora as causas exatas da diminuição no acesso ao streaming, mas especialistas sugerem que o aumento dos preços e as restrições no compartilhamento de senhas possam ser fatores relevantes. A Netflix, por exemplo, passou a cobrar R$ 12,90 para que os assinantes possam compartilhar suas contas com pessoas que não residem no mesmo domicílio.
Segundo reportagem do O Globo, esse aumento nos custos, aliado às limitações impostas pelas plataformas, tem gerado insatisfação entre os consumidores, que já manifestam preocupação com a escalada de preços nos serviços de streaming.
Para Leandro Quesada, analista do IBGE, é possível que algumas famílias tenham optado por cancelar ou reduzir o número de assinaturas devido a essas novas políticas, mesmo que o número absoluto de lares com acesso ao streaming tenha permanecido estável entre 2022 e 2023.
Os dados revelam também variações significativas no acesso ao streaming entre as diferentes regiões do Brasil. O Sul do país lidera com 49% dos lares possuindo serviços de streaming, seguido pelo Centro-Oeste (48,2%) e Sudeste (47,6%). As regiões Norte (37,5%) e Nordeste (28,2%) apresentam os menores índices de acesso.
O rendimento médio mensal real per capita dos domicílios com acesso ao streaming era de R$ 2.731 em 2023, mais que o dobro dos lares sem acesso ao serviço, que registravam uma média de R$ 1.245. Esse dado reflete a influência direta da renda na capacidade de manter assinaturas de serviços de streaming, especialmente em tempos de aumento de preços e restrições.
TV por assinatura em declínio
A pesquisa do IBGE também destaca a contínua queda no número de domicílios com TV por assinatura. Em 2023, apenas 25,2% dos lares brasileiros tinham acesso a canais pagos, uma queda em relação aos 27,7% registrados em 2022 e aos 33,7% em 2016. Entre as principais razões para essa diminuição, estão a falta de interesse (54%) e o alto custo do serviço (34%).
Apesar dessa tendência de queda, ainda há uma parcela considerável de domicílios que mantém tanto o serviço de TV por assinatura quanto o de streaming. Entre os lares com acesso a ambos os serviços, o rendimento médio mensal per capita foi de R$ 3.603, indicando que as famílias com maior poder aquisitivo tendem a manter ambos os serviços simultaneamente.
Outro dado relevante da pesquisa é o aumento do número de lares que optam exclusivamente pelo streaming, sem qualquer sinal de TV, seja aberta ou a cabo. Em 2023, 6,1% dos domicílios com acesso a streaming não tinham televisão, em comparação com 4,7% em 2022.
Essa mudança reflete um afastamento gradual do modelo tradicional de consumo de conteúdo audiovisual, com muitos brasileiros preferindo assistir a filmes e séries em outras telas, como celulares e tablets.
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