Sindicato aprova greve de ônibus em São Paulo
A greve foi motivada pelo impasse nas negociações das pautas econômicas entre os representantes dos profissionais e as empresas
Trabalhadores do setor de transporte rodoviário de ônibus de São Paulo decidiram entrar em greve a partir desta sexta-feira, 7, em uma assembleia realizada hoje, 3, em frente à prefeitura da cidade. A paralisação contará com cerca de 60 mil motoristas, cobradores e mecânicos que trabalham nas dez empresas que operam o serviço na capital paulista.
A greve foi motivada pelo impasse nas negociações das pautas econômicas entre os representantes dos profissionais e as empresas. O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas) reivindica um reajuste salarial de 3,69% pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), além de um aumento real de 5% e a reposição das perdas salariais decorrentes da pandemia, calculadas em 2,46% com base em dados do Dieese. Essa proposta é substancialmente maior do que a oferecida pelas empresas, que consiste em um reajuste de 2,77% e a recomposição da diferença pelo Salariômetro, indicador medido pela Fipe.
Decisão sobre a greve
A decisão de entrar em greve foi tomada com antecedência de 72 horas, conforme exigência legal, e terá início à meia-noite de sexta-feira. Caso a greve seja confirmada, os ônibus ficarão paralisados nas 38 garagens espalhadas pela cidade, resultando na interrupção total do serviço.
A reportagem da Folha de São Paulo, entrou em contato com o sindicato patronal e a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para obter posicionamentos sobre a paralisação, mas não houve resposta.
Motoristas de ônibus ameaçam greve em São Paulo
No fim do ano passado, os motoristas e cobradores de ônibus da cidade de São Paulo chegaram a programar uma greve para o dia 1º de dezembro como forma de protesto contra o cancelamento do resultado das eleições do SindMotoristas
A paralisação tinha como objetivo reivindicar o respeito ao estatuto da entidade e à Constituição Federal, uma vez que a suspensão do resultado das eleições foi considerada uma violação a essas leis.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) agendou e cancelou duas audiências de conciliação referentes ao processo que trata da suspensão das eleições, conforme relatado pelo sindicato.
O cancelamento ocorreu após um pedido apresentado por uma das chapas concorrentes, o Grupo Oposição e Luta, que é contrário à atual direção do sindicato. Após a apuração dos votos, a chapa 4 – Resgate Raiz, representante da atual diretoria do sindicato, foi declarada vencedora com cerca de 14 mil dos 20 mil votos.
Solicitação de urnas eletrônicas
Durante o processo eleitoral, três das quatro chapas envolvidas solicitaram o adiamento da votação por três meses, além da substituição das cédulas de papel por urnas eletrônicas. Por outro lado, a chapa 4 destacou que o estatuto prevê que as eleições sejam realizadas com cédulas impressas.
Segundo a Folha de S. Paulo, embora o adiamento tenha sido aprovado em uma reunião da categoria, uma decisão da Justiça do Trabalho anulou a assembleia e manteve a eleição. Diante dessa situação, uma das chapas solicitou uma liminar para suspender a votação.
O cancelamento da eleição foi confirmado em segunda instância pelo tribunal, que impôs uma multa de R$ 50 mil para cada membro da comissão eleitoral e para o candidato que liderava a chapa 4, Edivaldo Santiago da Silv.
Eleições tumultuadas
O sindicato argumenta que a autonomia sindical não está sendo respeitada, justificando assim a greve marcada para esta sexta-feira. Além do fechamento de terminais durante as eleições, o processo foi marcado por um ataque a tiros, roubo de urnas e forte aparato policial durante a apuração.
As eleições do SindMotoristas têm sido tumultuadas nos últimos anos. Em 2013, no primeiro pleito em que Valdevan Noventa foi eleito, houve um tiroteio que deixou oito pessoas feridas em frente à sede do sindicato. O episódio ocorreu após uma paralisação de ônibus no mesmo dia.
Em 2018, a contagem de votos ocorreu dentro do 11º Batalhão da PM, localizado a um quarteirão de distância da sede do sindicato. Naquela ocasião, Valdevan Noventa também foi eleito como líder sindical.
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