Silvio Almeida queria pedir desculpas
O Ministério dos Direitos Humanos foi Impedido pelo Palácio do Planalto de realizar qualquer solenidade alusiva aos 60 anos do golpe militar de 1964
Impedido pelo Palácio do Planalto de realizar qualquer solenidade alusiva aos 60 anos do golpe militar de 1964, o Ministério dos Direitos Humanos, de Silvio Almeida, planejava pedir desculpas às vítimas da ditadura.
Segundo a Folha de S.Paulo, a pasta organizava ações interministeriais, além de uma campanha cujo slogan seria “60 anos do golpe 1964-2024 – sem memória não há futuro”.
Dois documentos produzidos pela pasta foram enviados a cerca de dez ministérios.
Em um deles, Silvio Almeida pedia uma ação coordenada com a sociedade civil para lembrar dos 60 anos do golpe. No outro, sem a assinatura do ministro, a pasta convidava os demais ministérios a planejarem novas reparações sobre a ditadura militar, como pedidos públicos de desculpas.
“Frente à efeméride de 60 anos do golpe que se avizinha e considerando todo o exposto bem como a competência deste MDHC —especialmente por meio de sua Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade—, convidamos os Ministérios a formularem atos reparatórios, de reconhecimento e/ou desculpas públicas a setores da população atingidos pelas violências da ditadura militar. A ação concatenada comporá o calendário de atos em memória a tal período”, diz o texto.
“A memória não diz respeito apenas ao passado; ela diz respeito sobretudo ao futuro. Essa percepção da memória e verdade nos convoca a apresentar projetos de futuro, para a não-repetição sistemática desses feitos”, acrescenta.
Um balde de água fria em Silvio Almeida
Silvio Almeida é o ministro de Lula que mais falou sobre o golpe militar em um ano e três meses de governo.
Em sua posse, o ministro dos Direitos Humanos afirmou que sua gestão iria honrar as pessoas que lutaram pela democracia.
“Isso significa não esquecer da luta daqueles que foram presos, torturados e mortos pelo autoritarismo do Estado brasileiro, seja no Império, na dita Velha República, que criminalizar todos os aspectos da nossa existência ou na Ditadura Militar, que ceifou os melhores anos dos verdadeiros patriotas que ousaram se levantar contra a covardia dos poderosos”, disse.
Ele também afirmou, às vésperas do aniversário de 59 anos do golpe de 1964, que era preciso contar a “história sombria” dos governos militares.
A relação entre o governo e as Forças Armadas
O veto do Planalto a cerimônias alusivas ao golpe de 1964 é mais um aceno de Lula aos militares, com quem o petista tenta evitar novos atritos.
Como mostrou Crusoé, embora tenham sido fiéis à democracia no momento em que muitos pediram que apoiassem um golpe de Estado, as Forças Armadas abrigam oficiais que desejavam uma ruptura e não nutrem simpatia nenhuma por Lula e o PT.
Além disso, durante o governo Jair Bolsonaro, os militares tiveram seus interesses generosamente contemplados no Orçamento federal e ganharam milhares de cargos usualmente ocupados por civis na máquina pública.
Para entrar no jogo de Lula, os militares precisaram ser agraciados com verbas bilionárias e com a garantia de que não terão seus interesses questionados.
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