Senador diz que comida era para o gabinete e defende fim do cotão
Chiquinho Feitosa, que assumiu a vaga de Tasso Jereissati no Senado no mês passado e já gastou R$ 4.508,20 da cota parlamentar somente com refeições, entrou em contato com O Antagonista para dizer que as refeições pagas com dinheiro público eram para ele e para assessores de seu gabinete. Como mostramos mais cedo, somente em um restaurante português, o recém-senador gastou R$ 3.136,20 em novembro. Ela nega que tenha estado no restaurante...
Chiquinho Feitosa, que assumiu a vaga de Tasso Jereissati no Senado no mês passado e já gastou R$ 4.508,20 da cota parlamentar somente com refeições, entrou em contato com O Antagonista para dizer que as refeições pagas com dinheiro público eram para ele e para assessores de seu gabinete.
Como mostramos mais cedo, somente em um restaurante português, o recém-senador gastou R$ 3.136,20 em novembro. Ela nega que tenha estado no restaurante.
“Esses almoços todos são com a assessoria, com assessores meus, discutindo sobre assuntos de interesse do meu desempenho parlamentar, do meu trabalho como senador. O hábito de trabalhar na hora do almoço, de trocar ideias com a equipe e cumprir com a minha obrigação, à altura do meu senador titular, me faz estar sempre reunido com a equipe do gabinete na hora do almoço. Eu nunca fui ao restaurante Manoelzinho, nunca pus os pés, não conheço, nunca fui lá, não sei nem onde é.”
O senador disse que esses gastos com refeições foram “exclusivamente de alimentação”, sem bebidas. No dia 4, porém, dia seguinte à sua posse, constam 20 refrigerantes na nota fiscal ressarcida pelo Senado.
Sobre o horário da emissão de uma das notas fiscais ter sido 8h22 (da manhã), ele alegou que “a gente mandava comprar, o gabinete mandava comprar e, no dia seguinte ou qualquer hora, no expediente, mandava pagar e emitir a nota”.
“É estranho o horário, realmente. Mas era exatamente por isso. Isso era tratado pela secretária, depois manda pagar, enfim.”
O Antagonista perguntou se o senador considera “tranquilo” uma nota de mais de R$ 1 mil em refeições, mesmo sendo para a equipe, paga com dinheiro público, sobretudo em um momento econômico como o atual. Ao responder, o senador defendeu o fim do cotão — uma bolada a que todo congressista tem direito a usar todo mês com quase tudo o que você conseguir imaginar.
“Eu acho que não deveria mais existir essa verba indenizatória. Se é motivo de crítica, se é motivo de razão pela qual não se deveria usar, não deveria existir, não deveria mesmo existir.”
Chiquinho, um empresário que, em 2014, declarou ao TSE um patrimônio de R$ 5,6 milhões, emendou que, nesses almoços, “mandou comprar comida simples” e acrescentou que “os preços das coisas por aqui [em Brasília]” são mais altos que no estado dele, o Ceará.
“Se eu faço um almoço para 10 pessoas, você há de convir comigo que mil e qualquer coisa (reais)… Todos esses almoços foram para um grupo de pelo menos 10 pessoas, em um almoço de trabalho. Não se trata de comida sofisticada. Com condições ou sem condições, eu sou uma pessoa que não tenho nenhuma sofisticação na minha convivência como pessoa. Mando comprar comida simples. Mas você sabe o preço do prato que se pede [em Brasília].”
Sobre os R$ 14,2 mil pagos, também via cotão, em novembro, a uma empresa por “serviços de assessoria legislativa”, Chiquinho disse que se trata de um assessor que atua no gabinete de Tasso Jereissati desde 2015 e, portanto, “não é coisa de agora”.
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