São Paulo registra 72 pontos de cracolândia
Um artigo sobre a expansão das áreas de consumo de drogas em São Paulo, que revela um problema de saúde pública e segurança além do centro da cidade
A crise de dependência química em São Paulo é mais abrangente do que muitos imaginam. Não se limita apenas à infame “cracolândia” no centro da cidade, mas se estende por diversos bairros da capital e até mesmo para outras cidades do estado. No primeiro semestre de 2023, a gestão de Tarcísio de Freitas identificou um total de 72 áreas de concentração de usuários de drogas, espalhadas por 47 bairros diferentes, demonstrando a gravidade e extensão deste problema.
Cada um desses locais, chamados de “áreas de atenção”, apresenta desafios únicos para a saúde pública e a segurança. A maior parte destas concentrações foi encontrada nas periferias, uma realidade alarmante que reflete desigualdades sociais e econômicas. O mapeamento mais abrangente até então sobre as regiões de consumo de crack revelou que São Paulo e outras 44 cidades do estado contam com ‘cracolândias’ próprias, totalizando 160 pontos identificados.
Por que as “cracolândias” continuam a crescer em São Paulo?
A proliferação das cracolândias além do centro urbano, como confirmam os dados exclusivos obtidos pela Folha, aponta para uma dispersão que ocorre muitas vezes devido às políticas de segurança pública que focam mais na repressão do que no tratamento e na reintegração social dos usuários. Bairros como Parque Novo Mundo, na Zona Norte, e diversas áreas no Centro, como Campos Elíseos e Santa Ifigênia, continuam a mostrar sinais evidentes dessa expansão.
Quais são as regiões mais afetadas?
As “áreas de atenção” não estão limitadas a uma parte da cidade. Na Zona Leste, por exemplo, destacam-se 20 pontos, seguidos por 14 na Zona Norte. A Zona Sul e a Zona Oeste apresentam, respectivamente, seis e um ponto crítico, este último localizado no bairro Rio Pequeno. Adicionalmente, a pesquisa também aponta concentrações em áreas consideradas nobres, com registros no Alto de Pinheiros e em Pinheiros, na Zona Oeste da cidade.
Impacto nas comunidades locais
Os moradores e comerciantes das áreas afetadas vivenciam diariamente o impacto direto destas concentrações. Em bairros como o Jardim Quintana, na Zona Sul, comerciantes relatam que a presença dos dependentes se intensificou durante a pandemia, com a Prefeitura fazendo limpezas semanais. Apesar dos esforços, a quantidade de pessoas nas ruas parece aumentar durante a noite, agravando a situação de insegurança que se espalha por toda a metrópole.
Na tentativa de administrar e possivelmente reverter essa situação, a Secretaria de Segurança Pública, junto com a Prefeitura de São Paulo, tem buscado implementar políticas que vão além da simples repressão. Utilizando ferramentas como drones para monitorar essas áreas, há uma tentativa de acolhimento e reabilitação dos usuários, embora muitos especialistas argumentem que as medidas ainda são insuficientes frente à magnitude do problema.
Esta crescente expansão das cracolândias em São Paulo serve como um severo lembrete das complexidades associadas ao abuso de substâncias e da necessidade urgente de abordagens multifacetadas que envolvam saúde pública, assistência social e políticas de desenvolvimento urbano integradas. A resposta não se encontra apenas na repressão, mas sim no cuidado e suporte prolongado às pessoas em situação de vulnerabilidade.
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