Saiba como governo brasileiro negociou a Covaxin
A Covaxin é a vacina contra a Covid mais cara das contratadas pelo Ministério da Saúde. O extrato de dispensa de licitação foi publicado no Diário Oficial em fevereiro, no valor de mais de R$ 1,6 bilhão, o que dá R$ 80,70 por dose – o governo pretende importar 20 milhões de doses..
A Covaxin é a vacina contra a Covid mais cara das contratadas pelo Ministério da Saúde.
O extrato de dispensa de licitação foi publicado no Diário Oficial em fevereiro, no valor de mais de R$ 1,6 bilhão, o que dá R$ 80,70 por dose – o governo pretende importar 20 milhões de doses.
Entenda os elementos que mais chamam a atenção na compra da Covaxin
1. O preço
A vacina indiana é bem mais cara do que as outras.
Aqui vamos compará-la apenas com as vacinas da Pfizer e da Janssen, porque também são vacinas importadas prontas – ou seja, são vacinas importadas já em condições de uso; não se trata de IFA, como é o caso da Coronavac (envasada pelo Butantan) e da vacina da AstraZeneca (envasada pela Fiocruz).
Enquanto a Covaxin foi contrada a R$80,70 a dose, a vacina da Pfizer vai sair R$ 56,30 a dose no primeiro contrato. A vacina da Janssen foi adquirida pelo mesmo valor, com a vantagem de ser em dose única.
Mesmo no 2º contrato da Pfizer, que é quase R$ 1 bilhão mais caro, as doses vão custar R$ 66 cada, o que ainda é mais barato do que a vacina indiana.
2. O timing
A Covaxin foi negociada em tempo recorde, e contratada antes de outras vacinas importantes.
Foi a 3ª vacina contratada pelo governo federal, depois do imunizante da AstraZeneca e da Coronavac.
O contrato foi fechado em 25 de fevereiro. Contratos com Pfizer e Janssen só foram assinados em março, no fim da gestão Pazuello.
3. As regras
A Covaxin foi contratada antes de receber autorização da Anvisa – até aí, nada demais.
Mas ela não recebeu registro (como as vacinas da Pfizer e AstraZeneca) nem autorização para uso emergencial (como Coronavac e a vacina da Janssen).
Em vez disso, a Covaxin recebeu da Anvisa autorização para importação excepcional, que na prática equivale ao uso emergencial, mas é uma regra nova.
A nova modalidade foi criada pela Lei nº 14.124, que teve origem em uma Medida Provisória assinada pelo presidente Bolsonaro em janeiro.
O primeiro pedido de importação, feito pelo Ministério da Saúde, foi rejeitado pela Anvisa no fim de março.
No começo de junho, a Anvisa autorizou uma 2ª tentativa, mas cheia de condicionantes. Limitou a importação da Covaxin ao suficiente para aplicação em 1% da população brasileira – ou seja, 4 milhões de doses, para 2 milhões de pessoas. O ministério queria importar 20 milhões de doses.
4. O fornecedor
Nas outras compras de vacinas, o Ministério da Saúde fechou com o fornecedor diretamente: Janssen, Pfizer, etc. No caso da Coronavac, o contrato é com o Butantan, que envasa a vacina a partir do IFA importado da China.
Mas no caso da Covaxin, o ministério assinou com a Precisa Medicamentos, representante brasileira da indiana Bharat Biotech, em vez de assinar diretamente com a Bharat. Ao contrário do Butantan e da Fiocruz, a Precisa não vai envasar IFA importado; as vacinas seriam trazidas prontas.
Leia também: A cronologia do imbróglio da Covaxin
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