Ronnie Lessa presta novo depoimento sobre morte de Marielle Franco
A expectativa do depoimento é que Ronnie Lessa reafirme pontos da sua delação premiada
O ex-policial Ronnie Lessa presta depoimento virtual, nesta terça-feira, 27, na ação penal aberta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra os réus envolvidos na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, no Rio de Janeiro (RJ). O ex-PM está preso na penitenciária do Tremembé (SP), em São Paulo.
A audiência é conduzida por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. Após pedido feito pela defesa de Lessa, réu confesso do assassinato, a oitiva, que começou por volta das 13 horas, não é acompanhada pelos réus.
A expectativa do depoimento é que Ronnie Lessa reafirme pontos da sua delação premiada. Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018.
No processo, são réus o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão; o irmão dele, deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ); o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa; e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira. Todos respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa e estão presos.
Delação de Lessa
Em delação premiada, Ronnie Lessa afirmou que Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, ofereceram a ele e ao ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé, assassinado em 2021, dois loteamentos clandestinos na zona oeste do Rio para a instalação de uma milícia.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares. A gente não está falando de pouco dinheiro (…) Ninguém recebe uma proposta de receber 10 milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa impactante realmente”, disse o ex-policial em um trecho da delação exibido no domingo, 26, pelo Fantástico, da TV Globo.
Ronnie Lessa não afirmou à Polícia Federal quando começaria a ocupação dos loteamentos.
Sociedade
Na delação, o ex-PM revelou à PF a promessa de que faria parte de uma “sociedade” com os irmãos Brazão no empreendimento.
“A gente ia criar uma milícia nova. Então ali teria a exploração de gatonet, a exploração de kombis, venda de gás… A questão valiosa é depois. A manutenção da milícia que vai trazer voto”, afirmou.
“Então, na verdade, eu não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Eu fui chamado para uma sociedade”, acrescentou.
Marielle tinha que “sair do caminho”
Lessa disse ainda que a vereadora Marielle Franco era considerada uma pedra no caminho pelos irmãos Brazão.
“Ela teria convocado algumas reuniões com várias lideranças comunitárias, se eu não me engano, no bairro de Vargem Grande ou Vargem Pequena [zona oeste carioca], justamente para falar sobre esse assunto, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da milícia. Isso foi o que o Domingos [Brazão] passou para a gente. Que a Marielle vai atrapalhar e para isso ela tem que sair do caminho.”
Rivaldo Barbosa
Na delação, Ronnie Lessa contou que ainda Domingos Brazão teria afirmado que o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Delegacia de Homicídios do Rio, participava do plano e atuaria para protegê-los da investigação.
“Falaram o tempo todo que o Rivaldo estava vendo, que o Rivaldo do já está redirecionando e virando o canhão para outro lado, que ele teria de qualquer forma que resolver isso, que já tinha recebido para isso no ano passado, no ano anterior, ele foi bem claro com isso: ‘ele já recebeu desde o ano passado, ele vai ter que dar um jeito nisso’. Então ali, o clima já estava um pouco mais tenso, a ponto até mesmo na forma de falar”, disse.
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