Reunião emergencial vai discutir bloqueio de emendas com líderes da Câmara
Deputados discutem futuro da relação com Planalto e Supremo após nova intervenção sobre emendas
O bloqueio de R$ 4,2 bilhões do Orçamento, imposto pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), continua movimentando o Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou líderes partidários, nesta quinta-feira, 26, para debater o impacto da decisão, que atendeu a um pedido do PSOL e inaugurou novo impasse entre o Legislativo e o Judiciário.
A decisão de Dino incluiu a abertura de investigações pela Polícia Federal para apurar suspeitas de irregularidades no uso das chamadas emendas de comissão. A justificativa do ministro se baseia em denúncias de desvio de verbas, obras inacabadas e escândalos recentes envolvendo dinheiro público.
“O país não pode continuar refém de práticas que resultam em obras malfeitas, auditorias apontando irregularidades e apreensões cinematográficas de dinheiro vivo. É preciso dar um basta à sequência de abusos que ferem os princípios da administração pública”, argumentou Dino em sua decisão.
Escândalos e desvios colocam emendas sob suspeita
A medida ganhou peso após os desdobramentos da Operação Overclean, que revelou um esquema de corrupção no Departamento Nacional de Operações contra a Seca (DNOCS). Segundo a Polícia Federal, mais de R$ 1,4 bilhão foi desviado ao longo de anos por uma rede que envolvia políticos e empresários.
Um episódio emblemático dessa investigação ocorreu na Bahia, onde o vereador Francisco Nascimento, ao ser surpreendido por agentes da PF, tentou se livrar de uma sacola com R$ 220 mil em espécie, jogando-a pela janela.
Impacto nos municípios e críticas ao bloqueio
A decisão do STF também gerou reação dos prefeitos, que alegam prejuízo direto aos serviços básicos. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) criticou duramente o bloqueio, afirmando que ele atingiu áreas essenciais, como a saúde, sem relação com as emendas sob investigação.
“Essa decisão compromete recursos que são fundamentais para a população, penalizando municípios que dependem desse dinheiro para manter serviços básicos”, afirmou a entidade em nota oficial, pedindo a revisão imediata da medida.
Clima tenso entre os Poderes
No Congresso, a decisão foi recebida como uma intervenção excessiva no papel do Legislativo. Líderes partidários têm argumentado que o bloqueio cria um precedente perigoso, enquanto Lira articula formas de manter a liberação dos recursos.
A reunião convocada para hoje promete ser decisiva, com deputados avaliando estratégias para reverter o bloqueio e restaurar a autonomia sobre a aplicação do orçamento público. O episódio aumenta a tensão entre os Poderes e levanta questionamentos sobre o futuro das emendas parlamentares no Brasil.
“Nós aprovamos os critérios para a liberação das emendas, tanto o presidente do Senado, como o da Câmara trabalharam para se chegar em um denominador comum. Tem que analisar direito. São decisões tomadas que poderiam pelo menos dar um prazo para a gente se defender, e não decidir dessa forma”, argumentou o senador Omar Aziz, líder do PSD no Senado.
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