Quem perde sempre é você
O maior punido nas eleições municipais ocorridas ontem não foi o bolsonarismo, o petismo ou qualquer ismo. Foram as cidades brasileiras, e pelas mãos de quem nelas vive. Os resultados dos municípios que terão segundo turno não mudarão o quadro geral...
O maior punido nas eleições municipais ocorridas ontem não foi o bolsonarismo, o petismo ou qualquer ismo. Foram as cidades brasileiras, e pelas mãos de quem nelas vive. Os resultados dos municípios que terão segundo turno não mudarão o quadro geral.
Para ficar apenas nas duas maiores cidades do país, o Rio de Janeiro deu a vitória de primeiro turno ao ex-prefeito Eduardo Paes, que construiu a ciclovia da morte e foi denunciado pela Lava Jato por corrupção. Marcelo Crivella, o segundo colocado, cometeu a proeza de ser o pior prefeito que os cariocas já tiveram e notabilizou-se nacionalmente por mandar intimidar repórter na frente de hospital, para evitar que a imprensa mostrasse o caos na saúde da cidade. Em São Paulo, o primeiro colocado, Bruno Covas, é poste do governador João Doria, a quem escondeu durante a campanha de primeiro turno, pelo alto grau de rejeição ao governador. A cidade nunca esteve tão suja, os equipamentos públicos estão em péssimo estado de manutenção (quando existem) e o espaço público virou terra de ninguém. O segundo colocado, Guilherme Boulos, parece viver às vésperas da Revolução Russa de 1917 e tem como vice Luiza Erundina, a ex-petista que não deixou saudades quando era prefeita. Os perdedores, salvo por uma única exceção em São Paulo, não deveriam candidatar-se a síndico de cabeça de porco.
As melhores cidades do país, de qualquer tamanho, são apenas aquelas que apresentam um pouco menos de precariedades, como Curitiba. Estão muito longe de ser bons lugares para viver. E nada disso irá mudar enquanto a cada eleição só pensarmos em política partidária ou não pensarmos em nada, como faz a maioria dos cidadãos. Essa discussão sobre derrota de bolsonarismo ou petismo, além de tola (ainda falta chão para 2022 e eleição municipal nunca determinou eleição nacional), mostra um grau de alienação que já ultrapassou o nível de preocupante em relação à única coisa que deveria importar: o de termos cidades habitáveis, com bons serviços públicos.
Deixem os políticos e jornalistas disputando sobre qual corrente ganhou ou perdeu. Nada disso vai mudar o fato de que, no geral quase absoluto, temos cidades indignas deste nome, comandadas por prefeitos que se esforçam apenas para que tudo fique como sempre foi — ou por gente simplesmente biruta. Os vereadores estão incluídos no pacote. Quem perde é sempre você.
Cuidado com os buracos.
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