Quem mais estava na mira dos irmãos Brazão
Em delação, o ex-policial Ronnie Lessa afirmou que Domingos e Chiquinho Brazão monitoravam outros políticos do Psol além de Marielle Franco
O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou, em delação premiada, que os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal (sem partido-RJ), espionavam outros políticos do Psol além da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
Em trecho da delação, exibido pela TV Globo, ele disse que o casal Laerte Silva de Lima e Erileide Barbosa da Rocha, “braço armado” da milícia de Rio das Pedras, infiltrou-se na legenda a mando dos irmãos Brazão.
“O Domingos [Brazão], por exemplo, não tem papas na língua. Ele simplesmente fala que… ele colocou, digamos assim, um espião no PSOL, no partido da Marielle. E o nome desse espião seria Laerte, que é uma pessoa do Rio das Pedras, que depois eu soube se tratar de um miliciano. Uma pessoa responsável por várias atividades da milicia lá. E essa pessoa trazia informações para os irmãos com relação ao PSOL em si”, disse Ronnie.
“Não somente em relação à Marielle. Ele falava sempre do Marcelo Freixo. Falava do Renato Cinco. Tarcísio Motta… Falava dessa pessoa. E demonstrava, assim, um interesse diferenciado por essas pessoas, pelas pessoas do PSOL”, acrescentou.
Os infiltrados dos irmãos Brazão no Psol
A filiação de Laerte e Erileide no Psol aconteceu em abril de 2017, quando Lessa começou pesquisar sobre Marcelo Freixo na internet.
O casal, no entanto, foi expulso do partido em dezembro de 2020.
“Sua real atuação já era de conhecimento do partido desde meados de 2019, mas não foram tomadas iniciativas estarem sob investigação. Os fatos mostram que as milícias não possuem limites em sua atuação criminosa e contam, por muitas vezes, com o apoio de agentes do Estado, quando eles próprios não o são”, afirmou o partido.
Em 2019, o assassino confesso de Marielle admitiu ao Ministério Público do Rio (MPRJ) ter buscado informações sobre presidente da Embratur.
Infiltrado ‘enfeitou o pavão’ sobre Marielle?
Na delação, Ronnie Lessa afirmou que Laerte Silva de Lima pode ter “enfeitado o pavão” sobre Marielle Franco para justificar sua atuação, levando os irmãos Brazão a dimensionar mal as ações da vereadora.
“Nesse momento, ponderou-se a possibilidade de que este poderia ter sobrevalorizado ou, até mesmo, inventado informações para prestar contas de sua atuação como infiltrado”, diz o relatório da Polícia Federal.
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