Quem aconselha os conselheiros jurídicos de Bolsonaro
No episódio da sanção do 'juiz de garantias", Jair Bolsonaro deixou claro que prefere os conselhos de Jorge Oliveira aos de Sergio Moro. No caso do Fundão Eleitoral, o presidente da República tenta ludibriar a opinião pública com uma teoria conspiratória de impeachment...
No episódio da sanção do ‘juiz de garantias”, Jair Bolsonaro deixou claro que prefere os conselhos de Jorge Oliveira aos de Sergio Moro e outros nomes ligados à Lava Jato.
No caso do Fundão Eleitoral, o presidente da República tenta ludibriar a opinião pública com uma teoria conspiratória de impeachment. Certamente, o caminho mais fácil para implodir de vez a imagem de candidato anti-establishment.
Além de Jorginho, ministro da Secretaria-Geral, Bolsonaro é aconselhado por André Mendonça, o AGU. Cada dia fica mais claro que ambos atuam como coadjuvantes de gente bem mais poderosa.
O presidente poderia simplesmente demiti-los, mas prefere enaltecê-los, considerando ambos para as duas vagas que se abrirão no Supremo até 2022, em detrimento de Moro.
Mendonça, como O Antagonista revelou em abril de 2019, assessorou Dias Toffoli na AGU e, em outubro passado, lançou um livro em homenagem aos dez anos do ex-advogado do PT no Supremo.
O AGU de Bolsonaro não se constrange em chamar Toffoli de “grande líder” e faz defesa intransigente do inquérito inconstitucional que censurou Crusoé.
No caso de Jorginho, a aproximação com Toffoli foi feita por Gustavo do Vale Rocha, que foi subsecretário de Assuntos Jurídicos de Michel Temer, além de advogado de Eduardo Cunha e da Delta Engenharia.
O primeiro encontro do major reformado da PM com o presidente do STF se deu, ainda na transição, em 26 de novembro. A reunião contou com a presença de André Mendonça, embora seu nome não tenha constado da agenda.
Além de abrir-lhe as portas do Supremo, Gustavo Rocha convenceu Jorginho a manter toda a equipe jurídica do governo Temer e passou a aconselhá-lo sobre variados temas. Os dois se falam frequentemente e até almoçam juntos.
Nos bastidores, atribui-se a Rocha a articulação que levou o major da PM a assumir a Secretaria Geral, no lugar do general Floriano Peixoto, levando consigo toda área jurídica da Presidência, historicamente ligada à Casa Civil.
O próprio Rocha, na gestão Temer, tentou implementar essa mudança, mas foi barrado pela então AGU, Grace Mendonça. Além de subchefe de Assuntos Jurídicos, o advogado assumiu a pasta de Direitos Humanos e uma cadeira no CNMP.
Atualmente, o advogado é secretário de Justiça do Distrito Federal e braço-direito do governador Ibaneis (MDB), e mantém uma cadeira na Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
Tem em sua esfera de influência o secretário de Segurança, delegado Anderson Torres, cujo nome foi apresentado em setembro a Bolsonaro para substituir o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
A articulação deu pistas sobre quem estaria fritando Valeixo, com o objetivo final de forçar a saída do ministro Sergio Moro, o mesmo a defender no governo teses opostas às de Jorge Oliveira e André Mendonça.
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