Queiroga apresenta estudo sobre doses de reforço que ele mesmo ignorou
Marcelo Queiroga acabou de começar, na tarde desta sexta (17), a apresentação dos resultados de um estudo sobre doses de reforço encomendado pelo ministério - que ele ignorou ao anunciar doses de reforço para todos os adultos no mês passado...
Marcelo Queiroga acabou de começar, na tarde desta sexta (17), a apresentação dos resultados de um estudo sobre doses de reforço encomendado pelo ministério – que ele ignorou ao anunciar doses de reforço para todos os adultos no mês passado.
Há um mês, em 16 de novembro, Queiroga anunciou doses de reforço para todos os adultos no Brasil. Antes, portanto, da divulgação dos resultados desse estudo.
“Essas orientações, elas seguiam já alguns resultados preliminares que tínhamos desse estudo que vai ser aqui apresentado”, disse Queiroga hoje. Isso, porém, não está documentado na nota técnica produzida pelo ministério no mês passado.
Como mostramos, a nota técnica embasando a decisão foi publicada no dia seguinte. O texto não cita nenhum estudo conduzido no Brasil.
A decisão de Queiroga atropelou a Anvisa, que na época analisava um pedido da Pfizer para incluir uma 3ª dose na bula. Também atropelou a AstraZeneca e a Janssen, que ainda não haviam feito pedidos semelhantes.
A nota técnica usada pelo ministério para embasar doses de reforço para todos citou um estudo publicado no New England Journal of Medicine que mostrou que em Israel as infecções e hospitalizações por Covid foram bem menores entre os maiores de 60 anos que tomaram dose de reforço da vacina da Pfizer, em comparação com os que receberam apenas as duas doses.
Mas a dose de reforço para maiores de 60 anos, como sabemos, já era recomendada pelo governo brasileiro desde o fim de setembro.
Em julho deste ano, Queiroga anunciou o estudo cujos resultados serão divulgados hoje. Segundo nota do ministério à imprensa, “a professora da Universidade de Oxford Sue Ann Clemens (…) será a principal pesquisadora do estudo”.
Porém, na documentação enviada à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), a pesquisadora responsável é Ana Verena Almeida Mendes, do Instituto D’or.
Procurado por O Antagonista, o Ministério da Saúde disse que “em uma pesquisa multicêntrica, o projeto de pesquisa pode ser submetido à Conep via Plataforma Brasil por um dos centros coordenadores do estudo”, mas que Sue Ann Costa Clemens “é a coordenadora científica nacional do estudo”.
Também procurados, o Instituto D’or e a professora Clemens não responderam às perguntas de O Antagonista sobre o assunto.
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