Quanto custa abrir e manter um garimpo ilegal
Qual o capital necessário para abrir e manter em operação um garimpo clandestino em regiões remotas do Brasili? Investigadores do MPF e pesquisadores Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG procuram definir esse valor...
Qual o capital necessário para abrir e manter em operação um garimpo clandestino em regiões remotas do Brasili? Investigadores do MPF e pesquisadores Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG procuram definir esse valor.
Os números ainda são preliminares, mas mostram que a ideia de um garimpo “artesanal”, ainda vigente na legislação brasileira, foi totalmente superada pelos fatos: o investimento é alto e pressupõe a existência de financiadores que precisam ser identificados em casos como o de Roraima (foto).
Os garimpos da terra yanomami são feitos com balsas, escavadeiras mecânicas e ao menos dois motores com funções diferentes: o desmonte da terra e, depois, a sua sucção.
O custo de uma balsa varia de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões de reais.
As escavadeiras podem ser compradas por valores que vão de R$ 500 mil a R$ 1 milhão.
Os motores e suas mangueiras podem ser adquiridos por cerca de R$ 200 mil reais.
Além disso, há uma infraestrutura básica de acampamento, que demanda ao menos R$ 30 mil.
A soma indica, portanto, um investimento que fica entre R$ 1,7 milhão e R$ 3,2 milhões.
Mas é preciso computar também os gastos de manutenção do garimpo que, nessa modalidade, costuma operar com cinco ou seis trabalhadores.
O custo mais alto é o do diesel, necessário para a utilização de todo o equipamento: cerca de R$ 50 mil por semana.
Levando-se em conta o salário dos garimpeiros (R$ 30 a R$ 50 para um operador de escadeira), seu alojamento e sua alimentação, estima-se que cada lavra consuma cerca de R$ 250 mil por mês.
Nesta terça-feira, 14, a Polícia Federal deflagrou a Operação Avis Rara em Roraima, como noticiou O Antagonista. Ela não mira os trabalhadores dos garimpos ilegais, mas empresários, advogados e um funcionário público que atuam em três estados. É um passo no sentido de responsabilizar aqueles que promovem e financiam a atividade.
Desde 2021, o MPF e o CSR vêm procurando desvendar as engrenagens do comércio ilegal de ouro no Brasil – dos garimpos clandestinos às empresas que exportam o ouro “esquentado” (a maioria delas localizada nas capitais da Região Sudeste). O trabalho já resultou em documentos como A Legalidade da Produção do Ouro no Brasil (2021) e o Boletim do Ouro 2021-2022.
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