“Quando ativistas ocupam o lugar de jornalistas, a ética sai de cena”
Redações que priorizam ativistas abandonam o compromisso com a verdade, levantando um debate urgente sobre ética na imprensa
Tim Graham publicou nesta quarta, 27, artigo intitulado “A relação de Sharpton com a MSNBC reflete o desprezo da rede pela ética jornalística”, na Fox News. No texto, ele argumenta que o jornalismo está cada vez mais inclinado a sacrificar seus princípios em prol de conveniências políticas e comerciais, tomando como exemplo a aliança entre a MSNBC e o ativista Al Sharpton.
Segundo Graham, a MSNBC ignorou o passado extremista de Sharpton, que nos anos 1980 propagou o falso caso de estupro de Tawana Brawley, pelo qual foi condenado a pagar indenização. Ao contratá-lo em 2011 como apresentador, a rede parecia mais interessada em responder a pressões sobre diversidade racial do que em preservar valores jornalísticos.
“Quando uma emissora transforma um ativista em âncora, o ‘noticiário’ cede lugar à militância”, diz Graham, alertando para um fenômeno que não é exclusivo dos Estados Unidos.
A análise de Graham é contundente ao questionar a conivência com possíveis conflitos de interesse. Ele revela que, pouco antes de uma entrevista com Kamala Harris na MSNBC, a campanha da vice-presidente doou US$ 500 mil à organização de Sharpton, National Action Network. Para Graham, tais práticas não são isoladas e refletem um padrão crescente na mídia contemporânea: “Perguntas difíceis dão lugar a conversas planejadas, enquanto a audiência é mantida na ilusão de imparcialidade”.
O texto aborda a dependência crescente da mídia de alianças políticas e econômicas, um problema que encontra eco no Brasil. Escândalos que envolvem financiadores influentes, concessões públicas de comunicação e entrevistas tendenciosas também alimentam o debate sobre até que ponto os veículos de imprensa conseguem manter sua independência.
Graham enfatiza que a relação entre Sharpton e a MSNBC não seria permitida para outros âncoras. Contudo, Sharpton continua atuando como porta-voz de candidatos democratas enquanto mantém sua posição na emissora, consolidando uma narrativa alinhada aos interesses políticos de sua base de audiência. “Sob a ótica da MSNBC, ele não é um problema ético, mas um ativo estratégico”, critica Graham.
Outros âncoras da MSNBC foram suspensos por muito menos, como doações políticas isoladas. Entretanto, Sharpton parece operar sem restrições, sendo tratado como exceção. Graham alerta para o risco de a mídia, ao ignorar normas éticas, perder sua credibilidade perante o público. “Essa relação de conveniência entre jornalistas e poder político é um aviso: onde não há compromisso com a verdade, o público é o maior prejudicado”, disse.
Quem é Tim Graham
Tim Graham é escritor e analista de mídia americano, diretor do Media Research Center, instituição dedicada ao estudo da imparcialidade na imprensa. Autor de diversos textos sobre ética e política no jornalismo, ele atua como uma voz crítica das concessões editoriais em favor de interesses econômicos e ideológicos.
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