Protestos contra a demolição de imóveis do tráfico no RJ
Força-tarefa retoma operações contra construções ilegais ligadas ao tráfico; manifestações interrompem serviços de transporte
As autoridades do Rio de Janeiro retomaram, nesta segunda-feira, 19, as ações de demolição de imóveis construídos ilegalmente pelo tráfico de drogas no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro.
A operação, liderada pelas polícias Civil e Militar, em conjunto com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), ocorre após a descoberta de um luxuoso quadriplex ligado ao tráfico no Parque União, localizado às margens da Avenida Brasil, na semana anterior.
De acordo com reportagem do G1, Durante a operação de hoje, os policiais localizaram uma carga roubada na comunidade, que foi imediatamente recuperada e encaminhada para a 21ª DP (Bonsucesso) para as devidas providências.
Manifestação e paralisação do BRT
A operação de demolição desencadeou uma reação imediata dos moradores da área. Em protesto, eles bloquearam a Avenida Brigadeiro Trompowski, na altura da estação de BRT da Maré, no sentido Ilha do Governador. Objetos foram incendiados na via, provocando a interrupção total do trânsito e forçando a paralisação dos serviços de transporte na região.
Um dos ônibus articulados que passava pelo local teve o para-brisa destruído pelos manifestantes, obrigando os passageiros a deixarem o veículo rapidamente.
Devido à insegurança gerada pelos protestos, a MOBI-Rio, empresa responsável pela operação do BRT, suspendeu os serviços 90 (Fundão-Gentileza) e o serviço especial TIG-GIG. O serviço 42 (Manaceia-Galeão) operou apenas até a estação Santa Luzia, sem seguir até o destino final.
Impactos em escolas e serviços de saúde
As operações e o subsequente protesto afetaram diretamente a rotina de moradores e serviços essenciais na Maré. Por questões de segurança, 26 escolas da região – 24 municipais e duas estaduais – suspenderam as aulas nesta segunda-feira.
As unidades estaduais, que atendem 900 estudantes no turno da manhã, seguiram a mesma medida preventiva.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também adotou precauções. A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva decidiu fechar temporariamente suas portas, enquanto a Clínica da Família Diniz Batista dos Santos continuou em funcionamento, mas com restrições em suas atividades externas, como visitas domiciliares.
Operação contra lavagem de dinheiro do tráfico
Esta ação faz parte da 3ª fase de uma ampla operação da Polícia Civil voltada para o combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas através da especulação imobiliária. Na etapa anterior, as autoridades demoliram uma mansão luxuosa, também no Parque União, equipada com acabamento de mármore, piscina com cascata e banheira de hidromassagem – uma ostentação claramente incompatível com a legalidade.
O esquema foi revelado ao público em outubro do ano passado, quando uma reportagem do RJ2 mostrou que o Comando Vermelho (CV) adotou práticas semelhantes às das milícias, utilizando a venda de imóveis recém-construídos para lavar o dinheiro obtido através de suas atividades criminosas.
As investigações indicam que a comunidade do Parque União vem sendo usada há anos como base para a construção de empreendimentos que facilitam a circulação e a legalização do capital proveniente do tráfico. Além disso, as autoridades identificaram a participação de membros da associação de moradores no esquema.
O Parque União é controlado pelo traficante Jorge Luís Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, que possui um extenso histórico criminal, com 86 anotações e envolvimento em 175 inquéritos policiais.
Alvarenga é uma figura chave dentro do Comando Vermelho, participando ativamente de decisões estratégicas, como invasões de territórios rivais para expandir os domínios da facção.
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