Promotor confronta assassinos de Marielle em júri
O ex-PM Ronnie Lessa relevou que o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, era o alvo inicial da dupla
O promotor Eduardo Martins, do Ministério Público do Rio, criticou a postura dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz no segundo dia de júri popular, nesta quinta-feira, 31. Eles são réus confessos do crime contra a vereadora Marielle Franco (PSOL).
Eduardo Martins apontou a mudança no discurso de dois após aceitarem o acordo de delação premiada:
“Até ontem, até outro dia, os dois estavam aqui negando todas as imputações. Negando. ‘Eu não estava no carro’. ‘Não era eu’. ‘Não fui eu’. ‘Eu não tenho motivo para matar’. ‘Eu não conheço essas pessoas’. ‘Eu nunca ouvi falar de Marielle’. ‘Nunca ouvi falar de Anderson’. Então que arrependimento é esse?”, disse o promtor.
No depoimento, Lessa revelou que o alvo do crime era o presidente da Embratur e correligionário de Marielle, Marcelo Freixo (PSOL), mas disse que seria “loucura“. De acordo com as investigações, o ex-PM fiscalizava a rotina do parlamentar no período entre 2017 a 2018.
O Ministério Público vai pedir ao Conselho de Sentença a pena máxima de 84 anos de prisão para cada um.
Pedido de perdão
O discurso do assassino Ronnie Lessa, no primeiro dia de júri, foi em tom de desculpas.
Após revelar que Marielle era “pedra no caminho” dos mandantes do crime, o réu pediu desculpas à família da vítima:
“Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e com absoluta sinceridade e arrependimento pedir perdão às famílias do Anderson, da Marielle e a minha própria, a dona Fernanda e a toda sociedade pelos fatídicos atos que nos trazem aqui”, disse Lessa.
Os familiares da vereadora assassinada ficaram indignados durante o depoimento do executor do crime. A filha de Marielle, Luyara Franco, abandonou a audiência assim que Lessa iniciou o discurso.
Os três acusados
Foi Ronnie Lessa quem revelou o nome dos três suspeitos de serem os mandantes do crime contra Marielle: o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), Domingos Brazão.
Em março deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) expediu um mandado de prisão contra eles.
Ao STF, os depoimentos dos ‘irmãos Brazão’ foram parecidos. Eles afirmaram que tinham “boa relação com Marielle”.
Domingos Brazão chegou a dizer que “preferia ter morrido no lugar de Marielle” ao tentar justificar o que ele classificou como “mal à família“. O irmão, Chiquinho Brazão, afirmou que “Ela [Marielle] era uma vereadora muito amável“.
Já Rivaldo Barbosa, o delegado suspeito de ajudar a planejar o crime e que havia prometido à família que o caso seria resolvido, garantiu que não era capaz “de matar uma formiga“
Leia mais: ‘A verdade vai aparecer’, diz Rivaldo à família de Marielle
O ‘caso Marielle’
Marielle foi executada a tiros em março de 2018, junto de seu motorista, Anderson Gomes, no bairro do Estácio, região central do Rio, quando voltava de um encontro político na Lapa.
A assessora da parlamentar, que estava ao lado de Marielle, foi ferida apenas por estilhaços.
O crime de repercussão internacional deu início às investigações que, um ano depois, apontou para a prisão dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Elcio Queiroz. Os dois foram responsáveis pela execução de Marielle.
Mais recentemente, em março deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) expediu um mandado de prisão contra os irmãos e parlamentares Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do crime. além de Rivaldo Barbosa, suspeito de ajudar a planejar e atrapalhar as investigações.
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