Propostas que ampliam crimes de responsabilidades no STF passam pela CCJ
Pacote anti-STF é aprovado na íntegra
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade de um projeto de lei de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) que torna crime de responsabilidade a usurpação de competências do Congresso Nacional por parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O placar foi de 36 a 12.
Na mesma sessão, a CCJ aprovou, em votação simbólica, a admissibilidade de um projeto que proíbe ao Senado Federal realizar novo juízo de admissibilidade de acusação contra Presidente da República após o aval pela Câmara dos Deputados. Ou seja, faz prevalecer eventual aceitação de pedido de impeachment pela Casa Baixa. “A partir do impeachment da Dilma, o Senado inovou, criando novo rito de admissibilidade. Estamos mantendo o que a Constituição diz”, destacou o deputado José Medeiros em entrevista a O Antagonista.
O projeto também cria nova hipótese de crime de responsabilidade pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. A autoria é do deputado Paulo Eduardo Martins (PL-MA) e a relatoria do deputado Gilson Marques (Novo-SC). A aprovação se deu em um contexto marcado pela polarização entre os argumentos da base governista e da oposição e encerrou, na CCJ, a tramitação do chamado “Pacote anti-STF” .
Mérito
“O recurso é vital para evitar que uma decisão da Presidência do Senado encerre de forma definitiva a análise de uma denúncia, sem uma avaliação mais ampla e colegiada. Isso impede que decisões potencialmente arbitrárias prejudiquem o devido processamento de um pedido de impeachment, preservando assim a integridade do processo”, diz o relatório assinado pelo deputado Gilson Marques (NOVO-SC) sobre a última das propostas analisadas pela CCJ, na tarde desta quarta-feira,9.
Entre as medidas atualizadas, o projeto veda o posicionamento político e ideológico dos ministros do Supremo Tribunal e estabelece que qualquer manifestação de cunho ‘militante’ registrada por qualquer meio de comunicação se configure crime de responsabilidade.
“A tipificação como crime de responsabilidade do ato de um Ministro do Supremo Tribunal Federal manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processos pendentes de julgamento, seja o seu ou de terceiros, ou emitir juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de outros órgãos judiciais, ou ainda sobre as atividades dos outros Poderes da República. Exceções são previstas apenas para críticas realizadas nos autos, em obras técnicas, ou no exercício do magistério“, acrescenta o substitutivo.
Em concordância com o projeto de autoria de Cavalcante, a matéria relatada por Marques também propõe criminalizar a usurpação “por meio de decisão, sentença, voto, acórdão ou interpretação analógica, das competências do Poder Legislativo, criando norma geral e abstrata que deveria ser de competência exclusiva do Congresso Nacional“.
Oposição invicta
A base governista apresentou requerimento de adiamento de votação para ambas as matérias, mas foi derrotada. A estratégia da oposição uniu o ‘esgotamento’ das tentativas da base governista de adiar as matérias do chamado “pacote anti-STF” com o reforço do centrão ao time de parlamentares favoráveis ao pleito.
Lacunas
Segundo Cavalcante, autor do primeiro projeto que versou sobre crime de responsabilidade aos ministros do STF na ordem do dia, a legislação atual é “lacônica” ao definir os crimes de responsabilidade dos ministros do Supremo. “A doutrina jurídica recente tem realizado diversas tentativas para justificar o ativismo do Judiciário. Este ativismo, se aceito como doutrina, fará com que o Judiciário possa usurpar a competência legislativa do Congresso”, defendeu o autor ao protocolar a proposta.
Parlamentares da base governista argumentaram que a oposição fez um “ataque frontal” à democracia e à repartição entre os poderes.
Durante a discussão, a deputada Bia Kicis (PL-DF) negou que as proposituras tenham caráter “revanchista”. “O que estamos fazendo aqui é resgatar a democracia. Coitadinha da nossa democracia relativa. Está apanhando demais nos últimos tempos. E são os algozes da democracia que precisam desse freio de arrumação”, disse.
Para o deputado Domingos Sávio (PL-MG), a aprovação das matérias se justifica diante das últimas ações do ministro Alexandre de Moraes, a exemplo de suposta negligência do ministro, que é relator dos casos do 8 de janeiro, diante dos laudos que atestavam a fragilidade na saúde de Clériston Pereira da Cunha, que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. “O senhor tem as mãos sujas de sangue”, disse o deputado ao magistrado durante a sessão.
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Comentários (1)
Marcelo Augusto Monteiro Ferraz
09.10.2024 18:41👏👏👏👏