A falta de água tratada em casas é uma realidade de muitas comunidades em Recife, mas um novo projeto denomindado “Morro de Vontade” vem trazendo uma solução para esse problema. O projeto inclui um equipamento de fibra de vidro de seis metros de comprimento e 50 quilos que é transportado para áreas de difícil acesso.

Água da chuva é aproveitada e usada para consumo

O reservatório do projeto, que tem uma base estreita de 25 centímetros para caber nos menores terrenos, já beneficiou vinte famílias da Comunidade Alto da Telha. Entre os beneficiados está Maria das Dores Freitas, que relata o alívio de ter a segurança de água tratada em casa. “Mil e trezentos litros d’água dentro de casa pra tudo, pra tomar banho, pra cozinhar, até pra beber é ótima”, descreve Maria.

Reservatório traz diversos benefícios

O reservatório é equipado com um sistema de calhas que coleta a água da chuva e a direciona para uma cisterna de trezentos litros no subsolo. Deste ponto, a água é bombeada para o reservatório oco capaz de armazenar até mil litros de água. Antes de ser distribuída para o consumo da família, a água é ainda tratada com cloro.

Além de solucionar a questão do abastecimento de água, o reservatório também capta parte da água da chuva que se infiltraria no solo, reduzindo o risco de deslizamentos de terra, principalmente em áreas de morro. Adicionalmente, o reservatório é completamente fechado, impedindo a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Projeto-piloto visa instalar tecnologia em mais casas

Desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o projeto-piloto pretende instalar a tecnologia em 75 casas. Para Júlio César Luz, professor e pesquisador da UFPE, a iniciativa é de grande importância: “A água da chuva foi reconhecida em 2017 como recurso hídrico e a gente precisa aproveitar a chuva exatamente para trazer dignidade pra essas pessoas, para que a gente possa ter água para o desenvolvimento econômico, social e sustentável de toda a sociedade.”

Graças ao projeto, famílias como a de Gilmar Francisco dos Santos, borracheiro e um dos beneficiados, não precisará mais armazenar água em potes e embalagens. Agora, eles podem até mesmo usar o chuveiro da casa que estava desativado há cinco anos. “O chuveiro era só decoração. Eu já tinha tirado ele do lugar”, conta Gilmar.