Projeto da Butanvac é suspenso após resultado insatisfatório
Vacina contra a Covid prometida por João Doria não atinge a produção de anticorpos necessária, levando o Butantan a interromper o projeto
A Butanvac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan para combater o coronavírus, teve seu desenvolvimento suspenso após resultados insatisfatórios nos testes clínicos de fase 2.
O imunizante, que foi amplamente divulgado em 2021 pelo então governador de São Paulo, João Doria, não alcançou a eficácia esperada em voluntários, levando o instituto a encerrar o projeto, informou reportagem da Folha de S. Paulo.
Os testes da Butanvac foram conduzidos em seis centros no Brasil, com o objetivo de avaliar a segurança e a imunogenicidade da vacina como dose de reforço contra a Covid. Aproximadamente 400 voluntários, entre 18 e 59 anos, participaram do estudo, no qual metade recebeu a Butanvac e a outra metade uma dose de reforço da Pfizer. Infelizmente, a Butanvac não atingiu o limiar de não-inferioridade, que é quando a resposta imune gerada pelo imunizante é igual ou superior à do comparador, no caso, a vacina da Pfizer.
Apesar de não terem sido registrados problemas significativos de segurança, a incapacidade de a Butanvac gerar anticorpos em níveis comparáveis aos da Pfizer levou à decisão de interromper seu desenvolvimento. Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, afirmou que “o desfecho não demonstrou a imunogenicidade esperada“, e que o instituto continuará a explorar outras abordagens mais promissoras no combate ao vírus.
Desenvolvimento da Butanvac
A Butanvac foi anunciada em março de 2021 como uma vacina “100% brasileira”, desenvolvida pelo Instituto Butantan. Contudo, a tecnologia por trás do imunizante foi criada no Hospital de Mount Sinai, em Nova York. A vacina utiliza o vírus da doença de Newcastle, modificado geneticamente para expressar a proteína S do coronavírus, a mesma que permite ao vírus infectar as células humanas.
O imunizante foi testado em diversos países, incluindo Estados Unidos, México, Tailândia e Vietnã, além do Brasil. No entanto, o desempenho nos ensaios clínicos de fase 2, particularmente no Brasil, ficou aquém do necessário para avançar para as etapas subsequentes de desenvolvimento.
Dificuldade de encontrar voluntários
Um dos grandes desafios enfrentados pelo Instituto Butantan durante o desenvolvimento da Butanvac foi a dificuldade em encontrar voluntários que nunca tivessem sido expostos ao coronavírus ou imunizados anteriormente, um grupo conhecido como “naives”. Isso forçou o instituto a redirecionar o estudo para avaliar a vacina como dose de reforço, o que, infelizmente, não resultou nos dados esperados.
Mesmo com a suspensão do desenvolvimento da Butanvac, o Butantan continua a buscar novas estratégias. O instituto, que já anunciou planos para investir em uma plataforma de vacinas de RNA mensageiro (mRNA), semelhante à utilizada pelas vacinas da Pfizer e Moderna, recebeu um aporte de R$ 386 milhões do Ministério da Saúde. Esse investimento será direcionado tanto para o desenvolvimento dessa nova tecnologia quanto para a produção de soros liofilizados.
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