Programa para baratear passagens não vai baratear passagens
Sem acordo com companhias aéreas ou recursos para subsidiar bilhetes, Voa Brasil deve se resumir a agregador de passagens que custam até R$ 200
A ideia do programa Voa Brasil surgiu na época em que Márcio França ainda era ministro de Portos e Aeroportos, no início do governo Lula. Em 12 de março de 2023, França prometeu um plano para emitir 12 milhões de passagens aéreas a 200 reais o trecho. Dois dias depois, Lula reuniu seus ministros para dizer que “nenhuma genialidade” deveria ser apresentada antes de aval da Casa Civil.
Quase um ano depois, a genialidade de França — que foi empurrado pelo Centrão para o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte — ameaça sair do papel pelas mãos do ministro Silvio Costa Filho (foto) como um mero agregador de passagens.
O programa não contará com subsídios do governo, o que significa que qualquer desconto dependerá apenas da disposição das companhias aéreas. E o CEO da Latam, Jerome Cadier, já avisou que reduzir o preço de passagens dependeria da redução dos preços dos combustíveis e da diminuição de judicialização no setor aéreo.
Agregador
A Folha de S.Paulo destaca nesta quarta-feira, 21, que “dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostram que, entre janeiro e novembro de 2023, 14,9% dos assentos foram comercializados por até R$ 200”. Da forma como está hoje, o Voa Brasil se limitaria a uma plataforma para facilitar a identificação desses bilhetes.
Além disso, o governo contaria com um compromisso de Latam, Gol e Azul para vender de 4 a 5 milhões de passagens de baixo custo ao longo do ano. Mas nenhuma das empresas se comprometeu publicamente com isso. No caso da Gol, que passa por processo de recuperação judicial nos EUA, a situação é ainda mais complicada.
Sem dinheiro, o ministro Celso Sabino, do Turismo, tenta promover viagens no país por meio de propaganda. O programa Conheça o Brasil Voando envelopa aviões pelo país com material promocional. “Nós estamos plotando 10% das aeronaves das companhias aéreas parceiras do programa com atrativos turísticos nacionais e a marca Conheça o Brasil Voando”, disse o ministro da segunda-feira, 19.
“Black Friday”
Na ocasião, Sabino disse que aguarda o Voa Brasil “até o final desse mês de fevereiro”, para atender “a nossa melhor idade e também aos alunos do ProUni”. O ministro também destacou um “feirão de passagens” de 17 a 19 de março.
“Vai ser uma espécie de Black Friday fora de época, onde as companhias aéreas estarão presentes, onde as grandes operadoras do Brasil e grandes agências de viagem estarão presentes, ofertando pacotes de viagem a preços promocionais, com condições de financiamento pelo Banco do Brasil e pela Caixa em até 60 meses”, disse Sabino.
Diretora de vendas e marketing da Latam Brasil, Aline Mafra disse em nota que “é com mais voos e orientando as pessoas a comprarem suas passagens aéreas com antecedência que vamos dar mais acesso aos brasileiros à aviação”. Ou seja, encontrar passagem aérea barata seguirá dependendo do próprio passageiro.
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