Professor de Jiu-Jitsu condenado por estupro causa polêmica em Pernambuco
Caso de competidor de jiu-jítsu, condenado por estupro, que foi autorizado a participar de uma competição no Pernambuco
Emanuel Adelino da Silva estava preso em regime fechado desde 19 de junho de 2023, no Presídio de Igarassu, no Grande Recife, após ser condenado a 15 anos e 9 meses de prisão por estuprar uma aluna dentro de um carro numa praça, em 2021. Na época, ao menos duas vítimas relataram abusos.
A competição, promovida pela Federação de Jiu-Jítsu do Estado de Pernambuco (FJJPE), aconteceu no Ginásio da Secretaria de Educação de Pernambuco, no bairro da Várzea, na Zona Oeste da cidade. Eram dois dias de combate, no sábado (27) e no domingo (28).
Como foi permitida a participação de Emanuel Adelino da Silva na competição?
Sob protestos, o faixa preta participou da primeira fase e foi vaiado pela torcida, que gritava “tarado”. Na arquibancada, um grupo também levou uma faixa que dizia “Diga não à violência contra a mulher. Deixe nossas crianças em paz”. Ele perdeu a primeira disputa.
A decisão de liberá-lo para a competição foi assinada pela juíza Orleide Roselia Silva, na sexta-feira (26).
Emanuel Adelino da Silva e a Ressocialização Através do Esporte
“As artes marciais sempre moldam o caráter e desenvolvem fatores positivos na personalidade e do ser social. […] A prática de esporte afasta a inércia e movimenta o cérebro para atividades nobres”, diz o documento da juíza Orleide Roselia Silva, segundo reportagem do g1.
Na decisão, a magistrada também descarta a necessidade de monitoramento eletrônico do preso e decreta que ele deve voltar ao presídio no final de cada dia da competição.
Quais foram as reações das autoridades e da comunidade?
Por meio de nota, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirmou que se manifestou contra a saída temporária de Emanuel e de outros presos, que não foram identificados, para participarem do evento. O órgão também disse que tem “agido visando o cumprimento da lei e na busca da ressocialização dos presos, com imparcialidade e sem distinção de pessoas apenadas e privilégios”.
Posição da Federação de Jiu-Jítsu do Estado de Pernambuco
Por nota, a federação disse que repudia a prática de qualquer crime e que não convidou Emanuel para a competição, mas emitiu um ofício informativo para a diretoria do presídio, devido a um projeto de ressocialização de presos.
“O informativo tem data, local e horário das competições e [diz] quem são os presos filiados, em uma relação com vários nomes, para que as autoridades tenham conhecimento e os indivíduos possam requerer o que lhes couber perante os órgãos da administração pública e do Judiciário, sem qualquer participação da FJJPE”, diz a nota.
A instituição também afirmou que, após as manifestações, Emanuel não faz mais parte dos filiados à instituição e, consequentemente, está impedido de participar de todas as competições organizadas e chanceladas por ela.
Este caso abriu um grande debate sobre a ressocialização de presos através do esporte e a influência de decisões judiciais em eventos esportivos, deixando evidente a necessidade de se repensar os critérios e as limitações envolvidas nessas ações.
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