Procura-se um presidente
Paulo Guedes, antes de conversar com Jair Bolsonaro, apoiava Luciano Huck. Eliane Cantanhêde explicou por que o apresentador de TV fugiu da raia: “A dois anos da eleição, as pesquisas quantitativas têm muito menos importância do que as qualitativas, porque não são nomes que definem a campanha, mas a campanha e suas circunstâncias que apontam os nomes...
Paulo Guedes, antes de conversar com Jair Bolsonaro, apoiava Luciano Huck.
Eliane Cantanhêde explicou por que o apresentador de TV fugiu da raia:
“A dois anos da eleição, as pesquisas quantitativas têm muito menos importância do que as qualitativas, porque não são nomes que definem a campanha, mas a campanha e suas circunstâncias que apontam os nomes. As quantitativas perguntam em quem a pessoa votaria e ela responde o primeiro nome que vem à cabeça, entre os mais óbvios, que já disputaram eleições e exerceram mandato. Ex-presidentes que saíram com 80% de popularidade levam essa fácil.
As qualitativas captam interesses, percepções e ambições, como se fossem jogando papeizinhos com os requisitos numa caixinha e desenhando o perfil do ‘cara’ para aquele momento, naquelas circunstâncias. Em resumo, traçam tendências eleitorais.
A caixinha de Paulo Guedes foi preenchida com a ajuda da filha Paula, do site Jobzi, que aproxima oferta e procura de empregos e chegou ao perfil ideal para o ‘emprego’ de presidente: jovem, empreendedor, dinâmico, bom comunicador, humanista, ativo nas redes sociais – o ‘novo’. Assim Guedes ‘descobriu’ Huck (…).
Tinha uma sigla, contatos em várias outras, montava um programa de governo e já articulava, inclusive, uma equipe. Armínio na Fazenda? Parente (que resistia) como vice? Mendonça Neto (do DEM e ministro da Educação) na gestão? E, aos 46 anos, investia na sua geração, que tem o pé, e o cérebro, no Vale do Silício.
Tudo foi atropelado pelo timing: ao lançarem seu nome antes da hora, ele virou alvo fácil de um esquema poderoso de ataques. Ao lado de pesquisas encorajadoras, Huck dispõe de um rastreamento sofisticado desses ataques: os da turma do Lula, a soldo, têm origem clara e definida, os da turma do Bolsonaro, espontâneos, são difusos. Não havia tempo para articular o contra-ataque.”
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