Pilotos do acidente da Voepass perceberam gelo em asa, diz FAB
Avião da Voepass caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, com 62 pessoas a bordo; nenhuma delas sobreviveu
A tripulação no voo da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no início de agosto perceberam falha no sistema de descongelamento das asas da aeronave, anunciou a Força Aérea Brasileira (FAB) nesta sexta-feira, 6 de setembro.
A informação está em relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
“Durante os trabalhos da Coleta de Dados, a Comissão de Investigação identificou uma sequência de eventos que antecederam a colisão da aeronave contra o solo, um trabalho realizado com base nas informações coletadas durante a ação inicial, bem como no gravador de dados de voo (Flight Data Recorder – FDR) e no gravador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder – CVR). A obtenção e extração dos dados dos gravadores foi realizada no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA), do CENIPA. A validação dos dados de voz pôde ser realizada por meio da comparação de informações de conversas entre os pilotos e os órgãos de Controle de Tráfego Aéreo, além da identificação dos horários e destinos informados”, diz nota oficial da FAB.
“A partir da análise das comunicações gravadas pelo CVR, foi possível verificar que os tripulantes comentaram sobre uma falha no sistema DE-ICING. Esse sistema provia a proteção contra formação e acúmulo de gelo na aeronave. Com as gravações obtidas pelo FDR, foi verificado ainda que o sistema AIRFRAME DE-ICING, responsável por evitar que ocorresse acúmulo de gelo nas asas, foi ligado e desligado por diversas vezes”, acrescenta.
O investigador-encarregado do caso, Tenente-Coronel Aviador Paulo Mendes Fróes, frisou que o congelamento das asas, em si, pode não explicar a queda: “É importante destacar que não existe um fator único para um acidente, mas diversos fatores contribuintes. No caso do PS VPB, a perda de controle da aeronave ocorreu durante o voo sob condições favoráveis à formação de gelo, mas não houve declaração de emergência ou reporte de condições meteorológicas adversas”.
Câmara dos Deputados quer ouvir dirigentes da Voepass
A comissão externa da Câmara para acompanhar as investigações sobre o desastre aéreo com o avião da Voepass aprovou, em 27 de agosto, um convite para ouvir dirigentes da empresa. O convite também se estende aos empresário da Latam, que mantém acordo para compartilhamento de voos com a Voepass.
O avião caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, com 62 pessoas a bordo, quando fazia a rota entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP). Ninguém sobreviveu.
Os requerimentos aprovados pelos deputados pedem a presença de José Luiz Felício Filho, presidente da Voepass, Eduardo Busch, diretor executivo da Voepass, e de Roberto Alvo, diretor-presidente da Latam.
A comissão também convidou a mãe de uma das vítimas para falar sobre o acidente. Maria de Fátima Albuquerque é mãe de Arianne Albuquerque Estevan Risso, residente de oncologia do Hospital do Câncer de Cascavel, que estava no voo da Voepass.
Ao todo, foram aprovados 13 requerimentos. O coordenador da comissão, deputado Bruno Ganem (Podemos-SP), anunciou que o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro do ar Marcelo Moreno, será o primeiro a ser ouvido, em 10 de setembro.
A data é posterior a divulgação do relatório preliminar do acidente, anunciado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para acontecer em 6 de setembro.
O relatório preliminar é divulgado em até 30 dias após acidentes aéreos e deve conter informações acerca do andamento das investigações sobre o acidente.
Segundo o relator da comissão da Câmara, deputado Padovani (União Brasil-PR), seu objetivo “não é fazer caça às bruxas” sobre o caso da Voepass.
“O objetivo de forma nenhuma é apontar culpados, mas encontrar soluções”, disse. “Não queremos aqui quebrar empresa nenhuma, trazer dificuldade à aviação comercial, mas queremos sim investimentos para a ANAC, treinamento de pilotos, treinamento de mecânicos, para que o Brasil continue sendo esse polo seguro de aviação aérea comercial”, disse.
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