A Polícia Federal afirma ter provas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento da operação ilegal de venda e recompra nos Estados Unidos de joias recebidas durante o período em que exercia a Presidência da República, diz O Globo.

O material, que mostra que Bolsonaro deu aval para a venda das joias, será incluído no relatório final do inquérito, que deve ser encerrado nos próximos dias.

Segundo o jornal, os investigadores realizaram as últimas diligências da investigação em maio, nos Estados Unidos, reunindo imagens e entrevistas que confirmam detalhes sobre a venda e recompra ilegais das joias do chamado “kit ouro branco”.

Recebido por Bolsonaro durante sua visita oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019, o conjunto de joias contém anel, caneta, abotoaduras e um rosário islâmico (“masbaha”). Todas as peças são cravejadas com diamantes.

Em março de 2023, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que as joias pertenciam ao acervo da Presidência e determinou que o ex-presidente as entregasse na sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília.

Em meio às investigações do caso, assistentes de Bolsonaro recompraram os itens vendidos, processo que também foi ilegal.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo, o ex-presidente deve ser indiciado.

Os presentes de Bolsonaro

O TCU identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro incorporou, indevidamente, 128 presentes recebidos por autoridades internacionais que deveriam ter sido entregues ao patrimônio da União.

De acordo com o tribunal, 111 presentes não se encaixam no perfil de “itens personalíssimos” e deveriam estar no acervo público. Já outros 17 têm valor comercial altíssimo e deveriam ser incorporados ao patrimônio público. O TCU diz também que ao menos 11 itens recebidos pelo ex-presidente não foram nem registrados, por isso não foram contabilizados.

Até setembro de 2023, Bolsonaro havia entregue apenas 55 presentes recebidos como presidente da República, a maioria avaliado abaixo de 9 mil reais. Segundo a Folha de S.Paulo, 87% dos presentes entregues por Bolsonaro quando ainda estava na Presidência valiam menos de 9 mil reais.

O item de menor valor foi uma pintura da Grécia avaliada em 91,40 reais. Já o presente mais caro foi uma escultura de metal da ave símbolo do Catar, de 130.650,00 reais.