Com o transcorrer as investigações que miram Jair Bolsonaro, militares e o núcleo duro do Poder Executivo, integrantes da Polícia Federal já trabalham com a possibilidade de pedir o indiciamento do ex-presidente da República por tentativa violenta de golpe de estado em outras investigações.

Como mostramos nesta terça-feira, 19, a PF indiciou o ex-presidente da República pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações. A questão é que existem outros inquéritos no STF diretamente relacionados à conduta do ex-presidente após as eleições do ano de 2022: um sobre a venda ilegal de presentes oficiais, como joias valiosas, e outro relacionado à tentativa de golpe de Estado.

No pedido de indiciamento de Jair Bolsonaro, do tenente-coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência da República) e de outras 15 pessoas, o delegado Fábio Alvarez Shor afirma que, durante as investigações, os agentes conseguiram levantar indícios de que há um vínculo entre o esquema de inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde e dois supostos planos para se dar um golpe de estado após as eleições de 2022.

Aguardando nos EUA

Segundo o delegado da PF, a falsificação dos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro e de sua filha, Laura, foi determinante para que o ex-presidente da República aguardasse, fora do país, o resultado dos supostos movimentos golpistas do final de 2022 e início de 2023. Para a PF, o quebra-quebra na praça dos três poderes em 8 de janeiro do ano passado foi uma segunda tentativa – agora violenta – de se estabelecer um golpe de estado no país.

Para agentes da PF ouvidos por O Antagonista, o fato de Jair Bolsonaro ter planejado ir para os Estados Unidos enquanto alguns integrantes do primeiro escalão supostamente discutiam um plano golpista é um indicativo de que ele não somente sabia da trama, como tinha a esperança de retomar o poder mesmo após a posse de Lula.

Agentes da PF a par das investigações afirmam que já têm elementos para pedir a punição de Jair Bolsonaro pelo crime de tentativa de golpe de estado; agora, os policiais buscam elementos para implicar o ex-presidente também no crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

12 anos de prisão

A pena máxima para o crime de tentativa de golpe de Estado é de 12 anos de prisão; para a tentativa de abolição violenta do Estado de Direito são mais 8 anos. A essas penas podem ser somadas a pelo menos mais 3 anos pelo crime de associação criminosa.

Nesta terça-feira, 19, a defesa do ex-presidente classificou o indiciamento como “absurdo” e o comparou ao caso da multa aplicada a Bolsonaro por importunar uma baleia. “Enquanto exercia o cargo de Presidente, ele estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens. Trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital politico que só vem crescendo”, disse o Fabio Wajngarten por meio das redes sociais.

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