PF desarticula organização acusada por fraudes na Caixa
A quadrilha era especializada em fraudar programas de transferência de renda e teria causado um prejuízo estimado em R$ 10 milhões
A Polícia Federal, em colaboração com a Caixa Econômica Federal, lançou a Operação Falso Egidio para desmantelar uma organização criminosa especializada em fraudes a programas de transferência de renda. A operação aconteceu em cinco estados brasileiros, mobilizando um contingente de 80 policiais federais.
Os agentes federais cumpriram 11 mandados de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão. Esses mandados foram expedidos pela 2ª Vara Federal de Niterói/RJ e estão sendo executados nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Piauí. As atividades ilícitas vinham sendo investigadas desde abril de 2023.
Fraude em programas de transferência de renda
A investigação foi iniciada pela Delegacia de Polícia Federal em Niterói, em conjunto com a REAPDRJ (Caixa) e a Centralizadora Nacional de Segurança e Prevenção a Fraude da Caixa Econômica Federal. Durante as apurações, foi identificada uma organização criminosa que se especializou em fraudar programas de transferência de renda, causando um prejuízo estimado em R$ 10 milhões.
Segundo a PF, foi constatada a participação de um empregado e duas funcionárias terceirizadas da Caixa, que foram aliciados pela quadrilha em troca de propina. Esses funcionários facilitavam o acesso dos criminosos ao aplicativo CAIXA-TEM, que gerenciava as contas digitais sociais da instituição financeira, através das quais são administrados benefícios sociais como o Auxílio Emergencial.
Após a liberação do acesso ao aplicativo pelos funcionários cooptados, os criminosos se apoderavam das contas digitais de terceiros e desviavam os valores dos benefícios sociais. A quadrilha abria diversas contas bancárias em nome de moradores de rua, em situação de vulnerabilidade social, para receber os valores desviados. Posteriormente, esses valores eram transferidos entre os membros da organização criminosa.
Análise das contas bancárias
Uma análise detalhada das contas bancárias utilizadas revelou que elas foram abertas em nome de pessoas que não tinham conhecimento das fraudes, sendo usadas exclusivamente para movimentar os montantes desviados. Após o desvio, os valores eram integralmente transferidos entre os destinatários finais da quadrilha.
Os investigados enfrentam acusações por integrar organização criminosa, furto qualificado, inserção de dados falsos em sistema de informações e lavagem de dinheiro. A Polícia Federal e a Caixa Econômica Federal continuam as investigações para desmantelar completamente a rede criminosa e recuperar os valores desviados.
Como hackers desviaram mais de R$ 6 milhões da Caixa
Em abril deste ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Private Key, com o objetivo de desarticular um grupo suspeito de cometer fraude cibernética contra a Caixa Econômica Federal e a prefeitura de Telêmaco Borba, no Paraná.
A operação contou com a participação de mais de 30 policiais, que cumpriram mandados em Brasília, Águas Lindas de Goiás (GO) e Santa Luzia (MG).
Foram executados quatro mandados de prisão, 11 mandados de busca e apreensão, 51 mandados de sequestro, arresto e bloqueio, além de nove mandados de sequestro de criptomoedas.
Como os hackers desviaram o dinheiro?
De acordo com os investigadores, os suspeitos utilizaram técnicas avançadas de hackeamento para criar um site falso com o objetivo de roubar credenciais. Através desse site, eles induziram um servidor da prefeitura de Telêmaco Borba a fornecer suas informações de login e senha. Posteriormente, essas informações foram utilizadas para acessar o sistema GovConta do município, conforme detalhado pela PF.
Em seguida, os criminosos clonaram o perfil do servidor em um aplicativo de mensagens, utilizando engenharia social para se passar por ele. Dessa forma, eles entraram em contato com o gerente da Caixa e obtiveram autorização para transferir valores para empresas fictícias, fazendo parecer que essas empresas seriam fornecedoras da prefeitura.
Mais de R$ 6 milhões desviados
Segundo os investigadores, mais de R$ 6 milhões foram desviados. Os valores eram distribuídos em diversas contas bancárias em nome de laranjas e, posteriormente, convertidos em criptomoedas.
“O uso de múltiplas camadas de contas e carteiras de criptomoedas dificultou a rastreabilidade dos recursos, sendo identificadas pelo menos quatro camadas de beneficiários dos valores, incluindo integrantes da organização criminosa que adquiriram bens de luxo e realizaram viagens caras”, explicou a Polícia Federal.
Caso sejam condenados, os suspeitos podem cumprir penas de até 30 anos pelos crimes de furto qualificado mediante fraude, invasão de dispositivo informático, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.
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