PF cita “desvio de caráter” de delegado do caso Marielle
Giniton Lages foi alvo de mandado de busca e apreensão na operação do caso Marielle e está usando tornozeleira eletrônica
No relatório sobre a investigação da morte da vereadora Marielle Franco, a Polícia Federal afirma que o delegado Giniton Lages (foto) – que ficou no lugar do então titular do cargo na delegacia de homicídios, Rivaldo Barbosa – foi figura fundamental para o “sucesso da empreitada que garantiu a impunidade do crime”.
A PF cita a “esfarrapada justificativa do defeito de codec” de Giniton, sobre defeitos nas imagens de câmeras de segurança para elucidar o crime, “o que demonstra seu desvio de caráter e cinismo”.
O delegado foi alvo de mandado de busca e apreensão na operação do caso Marielle e está usando tornozeleira eletrônica.
Lages foi nomeado menos de 12 horas após a execução do crime, em março de 2018. Ele era uma pessoa de confiança de Rivaldo Barbosa, que foi preso neste domingo, 24, suspeito de ser um dos mandantes do crime.
“Com a assunção do cargo por Giniton, se operacionalizou a garantia da impunidade dos autores do delito. Inicialmente essa garantia se alastrou, inclusive, aos autores imediatos, o que foi narrado por Ronnie Lessa na terceira e última reunião em que participou na presença dos Irmãos Brazão, oportunidade na qual lhe foi indicado que Rivaldo estava promovendo a deflexão da investigação”, diz a PF.
“É possível verificar que, sob a ótica dos autores mediatos, o crime foi cometido mediante motivação torpe, ante a repugnância dos Irmãos Brazão em relação à atuação política de Marielle Franco e de seus correligionários em face dos seus interesses escusos”, acrescentou a PF.
Segundo as investigações, o ex-policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora, apontou que a origem do planejamento da execução ocorreu no segundo trimestre de 2017.
Na manhã deste domingo, a Polícia Federal prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), Domingos Brazão, irmão do parlamentar e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Os dois são suspeitos de terem ordenado a morte de Marielle Franco.O delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para protegê-los, também foi detido. Os três negam as acusações.
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