PF abre nova investigação sobre conduta de Mauro Cid
Policiais querem obter informações sobre razões que levaram o ex-ajudante de ordens a não falar sobre plano para “neutralizar” Lula e Moraes
A Polícia Federal iniciou uma investigação para apurar se o tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – mentiu ou omitiu em seus depoimentos prestados até o momento sobre o suposto plano para ser instituir um golpe de Estado no país o estratagema para se “neutralizar” o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Como mostramos, durante depoimento prestado nesta terça-feira, Cid negou ter conhecimento do plano desencadeado pelos chamados “kids pretos” para neutralizar Lula, Alckmin e Moraes.
Após o depoimento, Alexandre de Moraes intimou o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid a dar explicações sobre por quais razões ele omitiu de sua delação premiada o plano que resultou na Operação Contragolpe.
Como mostramos, investigadores da Polícia Federal responsáveis pelas apurações sobre a suposta tentativa de se dar um golpe de Estado pediram a anulação do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
A oitiva está marcada para esta quinta-feira às 14h.
No depoimento prestado nesta terça-feira, o ajudante de ordens entrou em contradição em vários momentos.
As suspeitas contra Cid ocorreram após a PF conseguir recuperar várias informações do celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ao longo deste ano. O recolhimento de dados ocorreu após o aparelho ser escaneado por um equipamento de investigação israelense.
Foi graças a esse equipamento que a PF descobriu, em setembro, que militares como o então chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República general de brigada Mário Fernandes monitoraram as rotinas de Lula e de Alexandre de Moraes.
O depoimento de Cid desta terça-feira já estava previsto, mas com o desencadeamento da Operação Contragolpe a oitiva ganhou novos contornos. Como adiantamos, os investigadores poderiam mudar de ideia em relação ao um eventual pedido de cancelamento da delação apenas se Mauro Cid apresentasse uma justificativa plausível para essas omissões consideradas graves.
Mauro Cid foi preso em maio de 2023 e permaneceu sob custódia do Batalhão do Exército até setembro do ano passado. Na ocasião, Cid confirmou que Jair Bolsonaro participou de uma reunião com a cúpula das Forças Armadas para discutir detalhes de um suposto golpe. Na visão dos investigadores, no entanto, isso pode ter sido apenas ‘a ponta do iceberg’.
E esse é um ponto que sempre incomodou os investigadores, conforme apurou este portal. Na visão dos integrantes da PF, Mauro Cid poderia ter colaborado mais com as investigações. E pela lei de delação premiada, o investigado precisa auxiliar nas investigações de forma ‘espontânea’, algo que não tem ocorrido com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na visão da PF.
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