PCC vai a Hong Kong
A Alfândega da Receita Federal do Porto de Santos passou a escanear contêineres que vão para destinos na Ásia e Oceania para impedir a venda de cocaína pelo PCC
Diante do avanço do Primeiro Comando da Capital (PCC) no tráfico internacional de drogas, a Alfândega da Receita Federal do Porto de Santos passou a escanear contêineres embarcados em navios que vão para destinos na Ásia e Oceania, como Austrália, Hong Kong, Cingapura, Indonésia e Taiwan.
Ao Estadão, o delegado Richard Neubarth explicou que a medida é uma resposta ao “incremento nas apreensões de cocaína lá fora e aqui no Brasil com destino aos portos desses países” e será testada pelos meses de março e abril.
O escaneamento obrigatório, diz o jornal, foi implementado no Porto de Santos em 2016, mas focava apenas em contêineres com destino a África e Europa, principais pontos de venda do PCC.
Apreensões no Porto de Santos
A Receita Federal apreendeu na quarta-feira, 20, 46 quilos de cocaína na estrutura de um contêiner carregado de caixas de suco de laranja que iria para Sydney, na Austrália. A operação foi realizada com o auxílio de cães farejadores.
“Na Austrália, a cocaína vale de três até cinco vezes mais do que na Europa, que já representa ganho enorme em relação à cocaína aqui na América do Sul”, afirmou Neubarth ao jornal.
“Se eles conseguem levar de um continente para outro uma carga ilícita que se tenha demanda, o lucro é muito grande”, acrescentou.
Em 2023, foram apreendidas 7,1 toneladas de cocaína no Porto de Santos. A Europa ainda era o destino mais comum dos entorpecentes, mas África e Ásia também apareceram como pontos de destino.
Os mergulhadores do PCC
Para driblar as autoridades, o PCC tem utilizado mergulhadores para esconder cocaína na parte submersa dos cascos de navios cargueiros que deixam o país rumo a África e Europa.
O tráfico de drogas via contêineres tem mais riscos, já que eles são escaneados assim que chegam aos terminais.
A droga é levada aos navios por pequenas lanchas à noite ou por mergulhadores, que saem de áreas de mata ou de embarcações afastadas.
Apreensões em cascos de navios
No início de 2023, uma ação conjunta de Polícia Federal (PF), Receita e Marinha apreendeu cerca de 290 quilos de cocaína no casco de um navio carregado de celulose. O barco, que estava ancorado no Porto de Santos quando foi vistoriado, ia para o Porto de Martas, na Turquia.
Um balanço realizado pela Marinha mostrou que 1,68 tonelada de cocaína foi apreendida em cascos de navios no Porto de Santos em 2023. Em 2020, foram 483 quilos.
Dados da Alfândega de Santos obtidos pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP mostram que, em 2020, a proporção de droga achada em cascos de navios era de 2,3% do total apreendido. Em 2023, foram 13,5% só até agosto.
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