PCC nas eleições municipais
Autoridades destacam aumento da atuação do PCC em campanhas eleitorais, com indícios de financiamento ilícito
O Coronel Pedro Luís de Sousa Lopes, chefe do centro de inteligência da Polícia Militar do Estado de São Paulo, declarou nesta quinta-feira, 15 de agosto, que a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições deste ano é mais extensa do que se acreditava anteriormente.
“Não podemos dizer que são 100 ou 200 municípios, mas há vários com indícios claros de que o tráfico está se movimentando para financiar campanhas eleitorais”, afirmou Lopes durante um painel do 18º encontro anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado no Recife, Pernambuco.
De acordo com o coronel, as operações eleitorais já estão em curso por todo o estado, e as forças de segurança estão monitorando atentamente qualquer tentativa de influência indevida sobre o processo eleitoral.
Lopes ressaltou a importância de manter as autoridades informadas sobre qualquer indício de atividade criminosa que possa comprometer a integridade das eleições. Ele também mencionou que o alto comando da polícia se reuniu com representantes dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para discutir o assunto. “Reuniões foram realizadas com todos os gestores regionais”, disse o coronel. “A preocupação não se limita apenas ao dia das eleições.”
PCC busca novas formas de lavar dinheiro
O coronel Lopes também levantou a hipótese de que o PCC esteja explorando novas formas de lavar dinheiro, destacando a crescente utilização de tecnologias como bitcoin e fintechs.
De acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo, o PCC movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, com o tráfico internacional de cocaína sendo a principal fonte de receita. A droga é adquirida de países vizinhos e enviada principalmente para a Europa.
“Eles estão encontrando dificuldades para legalizar o capital. É muito dinheiro envolvido”, afirmou Lopes, referindo-se à complexidade da operação. Ele ainda destacou que a exposição da cúpula do PCC em contratos públicos sugere que a organização pode estar adotando uma postura excessivamente confiante.
Como exemplo, citou a investigação que revelou uma possível infiltração do PCC em empresas que operam linhas de ônibus públicos na capital paulista. “Pode ser excesso de confiança, mas o fato é que eles estão expostos”, concluiu.
Candidatos com ligação ao crime organizado
De acordo com reportagem do Estadão, recentemente, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou a Operação Decurio, conduzida pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, que investiga a suposta tentativa do PCC de infiltrar candidatos em disputas eleitorais.
A operação resultou na prisão de João Gabriel de Mello Yamawaki, apontado como responsável pelo “núcleo político” da facção, e na imposição de medidas restritivas contra dois candidatos a vereador em Mogi das Cruzes e Santo André.
Thiago Rocha de Paula, um dos candidatos investigados, é acusado de receber valores ilícitos por meio de uma fintech utilizada por Yamawaki. Já Marie Sassaki Obam, candidata a vereadora em Mogi das Cruzes pelo União Brasil, teve sua candidatura retirada após a descoberta de seu vínculo com a facção.
A defesa de Obam, no entanto, nega as acusações, afirmando que a fintech envolvida opera de acordo com as leis brasileiras e que as investigações carecem de provas concretas.
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