Paxlovid: remédio para covid subutilizado no SUS
Descubra como superar as barreiras na utilização do Paxlovid para o tratamento eficaz da Covid no Brasil e aumentar a acessibilidade.
Apesar de a Covid-19 continuar afetando a vida de muitos brasileiros, um tratamento promissor, o Paxlovid, que combina os antivirais nirmatrelvir e ritonavir, tem sido subutilizado em todo o território nacional. Esse cenário expõe não apenas a falta de informações entre os profissionais da saúde, mas também as deficiências no sistema de distribuição e educação médica continuada.
Dados obtidos pela organização Fiquem Sabendo, especializada em transparência pública, revelam uma discrepância notável: dos 3,2 milhões de doses adquiridas, 2,7 milhões foram distribuídas, mas 472 mil ainda permanecem estocadas, sem chegar aos pacientes que poderiam se beneficiar desse tratamento. O tratamento, incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em maio de 2022, oferece uma chance de redução de 89% na hospitalização e morte quando administrado nos primeiros cinco dias de sintomas, especialmente em idosos e imunocomprometidos.
Por que o Paxlovid não é mais utilizado?
O desconhecimento sobre a existência e a eficácia do Paxlovid é um dos principais fatores apontados por especialistas. Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista e consultor do Ministério da Saúde, menciona que muitos médicos que atendem em prontos-socorros ainda não estão cientes da existência do medicamento. Alexandre Naime Barbosa, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), ressalta a necessidade de ações educativas mais efetivas direcionadas a esses profissionais.
Até o momento, mais de 2 mil óbitos por Covid foram registrados em 2024, majoritariamente entre idosos e pessoas imunocomprometidas – justamente o grupo que mais se beneficiaria do tratamento com Paxlovid. A situação demanda uma intervenção urgente para educar os profissionais da saúde sobre a importância e a utilização do medicamento.
Quais são os obstáculos para a distribuição eficaz do Paxlovid?
Além das barreiras no conhecimento e na prescrição do medicamento, enfrentam-se desafios logísticos e burocráticos. Recentemente, o Ministério da Saúde simplificou o processo de dispensação do medicamento, uma mudança que procura facilitar o acesso ao tratamento. Os médicos agora podem prescrever o Paxlovid em receituário comum, sem a necessidade de um formulário complexo, agilizando o processo para os pacientes.
Entretanto, ainda existe a questão do tempo. O medicamento precisa ser utilizado nos primeiros cinco dias de sintomas para garantir sua eficácia máxima, o que muitas vezes não acontece devido ao atraso no diagnóstico. O problema é agravado pela disparidade entre os sistemas de saúde pública e privado, onde os primeiro frequentemente enfrenta maiores dificuldades no diagnóstico e tratamento oportunos.
Como superar esses desafios?
O fortalecimento de estratégias para educar profissionais da saúde, simplificação dos procedimentos de prescrição e melhoria no sistema de diagnóstico surgem como peças-chave para aumentar a utilização do Paxlovid no Brasil. A SBI já promove cursos de educação médica, mas destaca-se a necessidade de ampliar esses esforços para abranger um número maior de profissionais de saúde em todo o país.
A equidade no acesso ao diagnóstico e tratamento é outro ponto crucial. As diferenças entre os sistemas público e privado de saúde não devem determinar as chances de um paciente receber o tratamento adequado no momento certo. O governo federal e as secretarias estaduais de saúde têm o papel de garantir que todos os cidadãos, independentemente de seu status socioeconômico, tenham acesso igualitário ao Paxlovid.
Em um esforço para combater essa disparidade, o Ministério da Saúde destaca que está trabalhando na distribuição eficiente do medicamento, com cerca de 3.000 tratamentos aguardando para serem distribuídos aos estados. A batalha contra a Covid-19 é contínua, e o Paxlovid representa uma ferramenta vital nesse combate, mas seu potencial só será totalmente realizado quando as barreiras à sua utilização forem superadas.
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