Parlamentares citados confirmam reunião com Salles sobre apreensão de madeira
Parlamentares citados por Ricardo Salles em entrevista à CBN foram às redes em um esforço de explicar as declarações do ministro. Na noite desta segunda (26), Salles disse à ràdio ter atuado para liberar a madeira apreendida pela Polícia Federal a pedido de três deputados federais e quatro senadores...
Parlamentares citados por Ricardo Salles em entrevista à CBN foram às redes em um esforço de explicar as declarações do ministro.
Na noite desta segunda (26), Salles disse à ràdio ter atuado para liberar a madeira apreendida pela Polícia Federal a pedido de três deputados federais e quatro senadores. Salles deu os nomes dos senadores (Jorginho Mello, Telmário Mota, Zequinha Marinho e Mecias de Jesus), mas de apenas uma deputada federal (Caroline de Toni). A equipe da CBN não perguntou a Salles os nomes dos outros dois deputados.
Mecias de Jesus (Republicanos-RR) foi ao Twitter dizer: “No dia 25 de março, estive com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Entre os assuntos abordados em nossa reunião falamos da situação da apreensão de cargas de madeiras, em Roraima”. A operação de Saraiva foi na divisa do Pará com o Amazonas.
Segundo o senador, na reunião ele enfatizou ao ministro “pedido para criar uma norma legal para que esse setor possa trabalhar com segurança jurídica, dentro da legalidade e que não haja abusos fiscalizatórios. A PF precisa e deve cumprir sim o seu trabalho, mas atuando com responsabilidade, separando a prática legal da ilegal”.
A deputada federal Caroline de Toni (PSL-SC) gravou um video, em que diz que a “a imprensa marrom mais uma vez está tentando queimar a reputação do ministro Salles”. Para ela, o ministro “resolveu comprar uma causa justa”.
“Este ano, realmente, pessoas do estado de Santa Catarina, né, a gente recebe pedidos de todo o estado, né, até por sermos representantes no meu caso do estado de Santa Catarina, então as pessoas vêm e dizem assim ‘olha, nós estamos sofrendo um abuso, um abuso de autoridade por parte do delegado‘”, acrescentou a deputada.
“De fato as pessoas relataram que estavam tendo esse problema. Não sei se essas pessoas votaram em mim ou não, não tenho nenhum interesse pessoal na causa. Mas todo dia a gente recebe um pedido para fazer audiências com ministros sobre temas relevantes do Brasil (…) Qual o meu papel enquanto representante da sociedade civil de Santa Catarina? Foi pedir para o ministro Salles, ‘olha, vários empresários daqui de Santa Catarina que têm terras no Pará estão tendo esse problema nessa operação’ (…) E de fato, a gente pediu uma audiência com o ministro Salles”.
O senador Jorginho Mello (PL-SC) também gravou um vídeo sobre o assunto.
“Na primeira quinzena de março, eu fui procurado por alguns empresários de Santa Catarina, por exemplo o vice-presidente da Fiesc, o Waldemar [Schmitz, vice-presidente da Fiesc para a região oeste], e o Parisenti de Herval d’Oeste, que hoje trabalham no Pará, há muitos anos foram desbravar o Pará (…) Eles vieram fazer um reclamo sobre a dificuldade do trabalho que estavam enfrentando. Queriam falar com o ministro do Meio Ambiente (…) Queriam ter a oportunidade de poder mostrar ao ministro o que estava acontecendo no Pará, o desmando, a perseguição. Aí marquei audiência, o ministro nos recebeu no dia 25 de março. Eu, a deputada Carolin[e] de Toni, o senador Telmário, o senador Mecias, o senador Zequinha (…)”, disse o senador, em mensagem reproduzida no Facebook e no Instagram.
“Eu sou um legalista. Eu defendo a natureza, eu defendo o plano de manejo. Eu não defendo nada ilegal, nunca defendi e não vou defender”, acrescentou Jorginho.
Procurada por O Antagonista, a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) informou que “[e]ventual manifestação de industrial ligado à entidade sobre o tema é de caráter particular”.
“A Fiesc desconhece o assunto, por não envolver a indústria de Santa Catarina, que trabalha com florestas plantadas no estado”, disse a entidade, em nota.
A assessoria de imprensa do senador Telmário Mota (Pros-RR) disse a O Antagonista que “[n]ós procuramos os Ministérios da Justiça e do Meio Ambiente, a Polícia Federal e o Ibama, para ajustar um protocolo único para os madeireiros trabalharem dentro da legalidade e segurança jurídica”.
Segundo Mota, “[Alexandre] Saraiva se recusou ao diálogo com os ministérios e as autoridades competentes, para chegarmos a esse entendimento único e legal. Em uma dessas audiências, que eu estava presente, surgiu a demanda do Pará, da qual eu não tenho nenhum envolvimento. Eu defendo as demandas de Roraima e continuarei defendendo”.
Telmário Mota também é alvo da notícia-crime apresentada pelo delegado Alexandre Saraiva ao STF.
A assessoria de imprensa de Zequinha Marinho (PSC-PA) disse que “o senador buscou as autoridades federais como forma de entender o ocorrido na Amazônia, no âmbito da Operação Handroanthus GLO”, a pedido da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex) e da Associação da Cadeia Produtiva Florestal da Amazônia (Unifloresta).
“Inclusive, antes de abrir as tratativas com o Ministro Ricardo Salles, o senador tentou diálogo com a diretoria da Polícia Federal e com o Ministério da Justiça. O ministro do Meio Ambiente foi procurado num segundo momento para que ele pudesse ser um agente de entendimento entre as partes. Foi o ministro quem trouxe a PF, o Ministério da Justiça, o Ibama, as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, todos juntos para que esclarecessem e entregassem documentos para a Polícia Federal”, acrescentou a assessoria de Zequinha.
“Entende-se, portanto, que a apreensão foi feita de forma arbitrária, desarrazoada e inapropriada, não seguindo o rito estabelecido em um processo legal”, diz nota. “O senador Zequinha Marinho não compactua com atos criminosos. Seu trabalho é pelo desenvolvimento sustentável da região amazônica”.
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu a O Antagonista quem foram os outros dois deputados citados por Salles na entrevista à CBN.
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