Os segredos do PCC na Europa
O mafioso italiano Vincenzo Pasquino decide colaborar com a Justiça italiana e promete revelar segredos sobre o PCC
O mafioso italiano Vincenzo Pasquino, de 34 anos, conhecido como um dos maiores intermediários do tráfico de cocaína da América do Sul para os clãs mafiosos da ‘Ndrangheta, assinou um acordo de colaboração com a Justiça italiana para revelar os segredos do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Europa.
De acordo com reportagem do Estadão, Pasquino foi preso no Brasil e, enquanto ainda estava no país, iniciou negociações sobre sua colaboração com a Justiça italiana. Em interrogatórios realizados em novembro e dezembro de 2023, na Penitenciária Federal de Brasília, Pasquino admitiu seu envolvimento com atividades criminosas da ‘Ndrangheta, incluindo operações no Brasil.
O procurador Giovanni Melillo, chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, informou em 6 de junho ao procurador-geral da República do Brasil, Paulo Gonet, que Pasquino havia decidido se tornar um “pentito”, termo italiano para um colaborador da Justiça. Ele foi extraditado para a Itália em março.
Pasquino revelou aos procuradores que fazia parte da ‘Ndrangheta desde 2011. Inicialmente, ele se envolveu com a ndrina Agresta de Volpiano, um clã mafioso do Piemonte, norte da Itália. Ele nasceu em Turim e ali se conectou com criminosos albaneses, reencontrando alguns deles no Brasil, como Leart Gjimaraj, preso em 2014.
Envolvimento com o PCC
Pasquino chegou ao Brasil em 2017 para coordenar o envio de drogas para a Itália. Estabeleceu-se primeiro no Paraná e depois mudou-se para São Paulo onde trabalhou com Nicola Assisi e seu filho Patrick, chefes da ‘Ndrangheta responsáveis pelo tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa.
Após a prisão dos Assisi em 2019, Pasquino se estabeleceu no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, onde a liderança do PCC mantinha diversas propriedades.
A aliança entre o PCC, a Máfia dos Bálcãs e a ‘Ndrangheta resultou em um lucrativo negócio de tráfico de cocaína, que rendia à facção criminosa mais de US$ 1 bilhão por ano.
Delação premiada
Pasquino foi capturado em 2021, junto com Rocco Morabito, um dos dez homens mais procurados pela Interpol, em um flat na praia de Tambaú, em João Pessoa. Morabito foi extraditado em 2022, enquanto Pasquino foi extraditado dois anos depois.
Condenado a 17 anos por tráfico de drogas, Pasquino enfrentava outras ameaças, incluindo a delação de Domenico Agresta, um jovem chefe do clã Agresta, e evidências obtidas pela procuradoria antimáfia na Operação Eureka. Esta operação levou à prisão de 108 membros da ‘Ndrangheta e revelou operações de tráfico de drogas e armas entre a América do Sul e a Europa.
Pasquino admitiu aos procuradores italianos todos os crimes pelos quais era acusado na Operação Eureka e detalhou as regras da máfia para o uso do porto de Gioia Tauro. Ele relatou incidentes como o desaparecimento de um contêiner com 500 quilos de cocaína que ele dividia com o PCC. Sua colaboração é rara, já que a ‘Ndrangheta é conhecida por seus fortes vínculos familiares e a lei do silêncio, a omertà.
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